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No Brasil, 37% dos alunos de faculdades de ponta miram carreira em startups

Universitário brasileiro tem deixado de lado ideia de trabalhar em multinacional para pensar em criar próprio negócio

27/02/2019 | 05h00

  •      

 Por Matheus Mans, especial para o Estado - O Estado de S.Paulo

 

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Foi-se o tempo em que o sonho do universitário brasileiro era trabalhar em uma multinacional, de terno ou salto alto e um horizonte definido de carreira. Hoje, jovens começam a olhar para startups com outros olhos: 37% dos estudantes possuem interesse real de seguir carreira na área, seja abrindo ou trabalhando em uma empresa novata de tecnologia. Os números são de uma pesquisa recente encomendada pelo fundo de investimentos Canary, que tem entre seus apoiadores Mike Krieger, do Instagram, e David Vélez, do Nubank. 

Feita pela startup Spry e divulgada exclusivamente ao Estado, a pesquisa ouviu 357 alunos de faculdades de ponta do País, como USP, Unicamp, PUC-RJ, Insper e FGV. O levantamento indica que 21,3% dos entrevistados querem montar uma startup, enquanto 23,2% desejam trabalhar em uma empresa do tipo. Segundo a pesquisa, os estudantes veem no empreendedorismo chances de carreiras com desenvolvimento profissional, aliado a bons salários e maior qualidade de vida. 

Carolina Mendes vendeu brigadeiro para começar startup LaPag

Luiz Maudonnet/LaPag

Carolina Mendes vendeu brigadeiro para começar startup LaPag

O levantamento é o primeiro do gênero no País, mas está em linha com estatísticas recentes. Números de 2018 do Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedorismo (Sebrae) indicam que 36% dos jovens entre 18 e 34 anos buscavam informações sobre abrir uma empresa ou já tinham negócios ativos – os dados, porém, incluem empresas tradicionais e franquias. 

Para especialistas, o porcentual de 37% surpreende. “Não esperávamos um interesse tão grande”, comenta Marcos Toledo, cofundador do Canary. Para ele, casos de sucesso como 99, Nubank e iFood ajudam a impulsionar o interesse. Na visão de Gilberto Sarfati, coordenador do mestrado de gestão e competitividade da FGV, há evolução. “Há alguns anos, empreendedor era chamado de aventureiro. Agora, é uma opção real.” 

Já Luís Gustavo Lima, sócio da aceleradora Ace, faz a ressalva de que essa é uma condição não tão ampla assim. “O número de jovens que almeja empreender é alto entre universidades de ponta, pois costumam ser estudantes de classe alta, com menos riscos a assumir”, diz. “Isso não ocorre com jovens das classes C, D e E, que não podem ‘não ligar’ para o salário”. 

Brigadeiro. Um dos maiores “mitos de origem” do Vale do Silício é o do estudante que deixa a faculdade para criar um negócio inovador. Foi assim com Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg – este último deixou Harvard após o Facebook receber um aporte de US$ 500 mil de Peter Thiel, um dos pais do PayPal. 

Aqui, o cenário é diferente: para conseguir capital para sua primeira startup, a paulistana Carolina Mendes vendeu brigadeiros nos corredores do Insper. “Foi assim que criei meu primeiro ‘fundo’ para a startup”, conta ela, que entrou em 2014 na faculdade para seguir a carreira da mãe no mercado financeiro. 

Aos 22 anos, ela é cofundadora da LaPag, fintech que busca solucionar problemas de pagamentos em salões de beleza, com um sistema próprio de cobranças e que facilita o controle do caixa. “Eu ia nos salões e percebia problemas na hora de pagar”, diz. Desde sua criação, a LaPag já foi acelerada pela Visa e recebeu R$ 1 milhão da própria Canary. “O bom de ser jovem é que há uma inquietude latente. Ter recebido informação sobre empreendedorismo na universidade ajudou muito a começar cedo”, diz Carolina. 

Ela é uma exceção, porém: segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), mais de 75% dos fundadores de startups do País têm mais de 30 anos. Só 6% têm até 25 anos de idade, no que pode se considerar um período próximo ao do ensino superior. Além da necessidade de buscar experiência no mercado, pesa a falta de informação nas salas de aula. 

Exemplo. “Eu nunca tinha ouvido o que era empreendedorismo até me formar”, diz Fernando Salaroli, presidente executivo da Spry, responsável pela pesquisa – ele se formou em Engenharia Civil na USP em 2013. Para ele, as universidades brasileiras precisam falar mais sobre startups, embora reconheça avanços na academia, como a criação de incubadoras próprias e a contratação de professores especializados. 

Clayton Oliveira, de 26 anos, é outro que começou a empreender na faculdade. Ao contrário de Carolina, porém, ele só foi descobrir que queria abrir uma startup enquanto fez um intercâmbio na Europa. “Foi lá que descobri como era bom impactar a vida das pessoas”, conta Oliveira. De volta ao Brasil, ele decidiu trancar o curso de engenharia na Universidade Federal do ABC e abrir sua primeira startup – a Marmotex, delivery de refeições para clientes corporativos, que acabou sendo vendida. 

Hoje, é presidente executivo da 99 Fórmulas, que liga pacientes com receitas de medicamentos a uma rede de farmácias de manipulação. A startup tem uma rede de 10 mil clientes e 35 estabelecimentos e promete remédios mais baratos. Oliveira, porém, é menos entusiasmado com o número de jovens interessados em startups. “Muita gente quer participar disso por estar na moda.

Precisa ter perfil específico para participar da rotina e dos desafios de uma startup”, avalia. “Não basta só ensinar empreendedorismo, é preciso mostrar o que dá errado.” 

    Tags:

  • startup
  • ensino superior

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