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NotCo cresce ao usar máquinas paradas em indústrias

Ociosidade média das fábricas de alimentos é de 20%; startup afirma que não possui – e não pretende ter – produção própria

Por Lucas Agrela
Atualização:

A startup chilena de alimentos feitos à base de plantas NotCo planeja crescer fortemente no País em 2022, mas abrir fábricas não está em seu horizonte. A estratégia da empresa é usar a capacidade ociosa da indústria de alimentos brasileira, por meio de parcerias com fabricantes conhecidos. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a média da utilização da capacidade industrial do setor de alimentos no Brasil foi de 79,4% entre 2010 e 2021.

“Em nenhum lugar no mundo temos fábricas próprias”, afirma Mauricio Alonso, gerente-geral da NotCo no Brasil. Algumas das parceiras que fabricam os produtos da empresa são Shefa, Perfetto, GL Foods Worldwide e MetaFoods. A startup aproveita turnos de trabalho vagos nas fábricas para produzir seus alimentos.

Mauricio Alonso, lider da operaçãono Brasil da NotCo, empresa que produz alimentos 100% àbase de plantas Foto: MARCELO CHELLO/ESTADÃO

Para o ano de 2022, a NotCo planeja quadruplicar a sua participação de mercado na venda de produtos à base de plantas no Brasil. A startup chilena, avaliada em US$ 1,5 bilhão, tem como principal aposta a NotMayo, sua “não maionese” – produto com sabor parecido com o da maionese tradicional, mas sem ingredientes de origem animal, como ovos, na sua composição.

De olho no Brasil

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Para a expansão internacional, a startup chilena recebeu, em julho, aporte de US$ 235 milhões. Segundo o The Good Food Institute, organização sem fins lucrativos que promove alternativas ao consumo de alimentos de origem animal, o faturamento global do segmento de alimentos à base de plantas estará em uma faixa entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões em 2035.

No Brasil, a empresa pretende ampliar sua presença em supermercados, restaurantes e redes de fast-food. “Temos mercados fortes no Sudeste e no Sul. O passo seguinte é ir aos Estados do Centro-Oeste e do Norte”, diz Alonso. “Já vendemos produtos em redes como Pão de Açúcar, Big, Sam’s Club e Zona Sul, além de vender produtos pelo Rappi e pelo Mercado Livre. Em breve, estaremos nas unidades do Dia%.”

A companhia não quer vender produtos apenas para vegetarianos ou veganos, mas também para pessoas que estão em transição de padrão alimentar ou que querem diminuir o consumo de alimentos de origem animal. Nesse nicho, disputa espaço com rivais como a Fazenda Futuro e também com grandes produtoras tradicionais de alimentos, como JBS e BRF, que também lançaram opções “plant-based” em seus portfólios.

Para a nutricionista Claudia Mallmann, consultora da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), alimentos baseados em plantas podem ter benefícios, a depender da saúde de cada pessoa. Mas ela ressalva que, hoje, essas opções costumam ser mais caras do que os produtos tradicionais.

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Já Glaucia Medeiros, presidente da Associação de Nutrição do Distrito Federal (ANDF), alerta sobre a importância de não basear a alimentação em produtos industrializados – feitos a partir de plantas ou não. Para a especialista, é importante dar preferência a alimentos integrais, como frutas e vegetais.

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