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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|O império chinês contra-ataca

Empresas chinesas já são líderes no mercado de smartphones na Ásia. Agora elas querem conquistar o mundo

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Atualização:

Certa vez, ouvi uma fraseem um congresso de inovação: “Nos próximos anos, quem não souber falar mandarim, não será competitivo no mundo”. Parece loucura? Mas não é. Agora mais do que nunca, isso faz muito sentido. As notícias recentes da Apple na diminuição de produção e de vendas na China só são um dos indicativos da força e poderio desse país no mercado de tecnologia. A China é simplesmente o maior mercado de smartphones do mundo, com cerca de 35% das unidades vendidas no planeta. Como não ter uma estratégia específica? Os modelos da Huawei chegam a custar até 50% menos que os da Apple. 

Popular na China, Xiaomi já têm séquito de fãs no Brasil Foto: Jason Lee/Reuters

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Tanto a Apple quanto a Samsung mostraram enfraquecimento nas vendas da China, já que a retórica da guerra comercial parece ter estimulado oschineses a comprar mais marcas locais. Pesa ainda o banimento da Huawei nos EUA.Na última semana, foi divulgado que a empresa do iPhone caiu para o quinto lugar posição em vendas na China – atrás das locais Huawei, Vivo, Oppo e Xiaomi, respectivamente.Como reação, o presidente executivo da Apple, Tim Cook, tem dito que a companhia focará em serviços. Cartão de crédito e plataformas de assinaturas (de games, notícias e conteúdo audiovisual) mostram que a Apple quer se diversificar para sobreviver. 

A questão é que gigantes como a Huawei e a Xiaomi vem crescendo mais no mercado asiático e começam a colocar sua estratégia global em prática. Para eles, a China já ficou pequena. Estatísticas divulgadas pela IHS Markit, mostraram que a Huawei vendeu 58,7 milhões de unidades no último trimestre, contra 54,2 milhões no mesmo período de 2018. No Brasil, tanto a Huawei quanto a Xiaomi possuem estratégias audaciosas. Ambas abriram pontos de vendas em grandes shoppings do Brasil em 2019. Na inauguração, a loja da Xiaomi, em São Paulo, teve fila de até 45 horas, entre smartphones baratos e produtos como pulseiras, lâmpadas e patinetes elétricos. 

Isso mostra que o paradigma “produto chinês é sinônimo de falta de qualidade” está indo abaixo.É algo que envolve alto investimento em Inovação. Empresas como Huawei e Tencent lideram essa discussão e brigampara ver quem chega primeiro ao 5G – uma das principais tendências de investimento por lá, ao lado de temas como computação quântica, blockchain e telas flexíveis.

A questão é que a Apple não é maiscentrada em inovação como era antes. Mesmo focando em serviços, ela não é líder isolada em nenhum nicho que atua. A Apple tem uma legião de fãs fiéis, mas precisa converter isso eminovações reais. A empresa precisa de uma nova identidade. E a China está caminhando para ser a próxima superpotência econômica e tecnológica. Tempos de muitas reviravoltas no mercado e alta concorrência nos esperam. É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

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Opinião por Camila Farani
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