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Opinião|Que tal salvar seus dados no DNA?

pesquisadores da Microsoft formalizaram uma ousada meta de construir até o fim da década um sistema comercial de arquivamento em DNA

Atualização:

Nunca se produziu tanta informação quanto hoje. Um exemplo? 90% dos dados atuais da internet foram criados nos últimos dois anos. E esse número só vai aumentar. Os 16 trilhões de gigabytes gerados em 2017 saltarão para 44 trilhões em 2020, diz a Cisco. Se nenhum avanço for feito, não haverá espaço suficiente nos servidores globais para tanto conteúdo. Alternativas, obrigatoriamente, serão desenvolvidas.

Tecnologia avança no armazenamentode dados no DNA Foto: Robert Pratta/Reuters

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Uma delas é armazenar dados em moléculas de DNA. Parece loucura, mas é isso mesmo. Como o DNA é um grande repositório de instruções genéticas dos seres vivos, ele também pode ser usado para conservar outros tipos de informação. Além de durar milhares de anos sem se degradar, pesquisadores da Columbia University afirmaram que o DNA é 1 milhão de vezes mais denso que os melhores discos rígidos da atualidade. Para se ter ideia, seria possível armazenar o conteúdo de 200 milhões de DVDs em um grão de areia e todos os dados do mundo em uma carroceria de caminhão. 

Cada fita de DNA é formada por adenina, citosina, guanina e timina, representadas pelas letras A, C, G e T. Já os dados de computador são constituídos por “zeros” e “uns”. Em 2016, a Microsoft comprou 10 milhões de fitas sintéticas de DNA da Twist Bioscience, empresa americana que fabrica esse material. O objetivo era armazenar um determinado conteúdo digital dentro dessa matéria orgânica. Primeiro, os “zeros” e “uns” foram traduzidos em uma sequência de letras de DNA digital. Depois, essa sequência digital foi duplicada em material biológico sintético. Por fim, 200 megabytes de documentos, obras de arte e videoclipes foram salvos no DNA e permaneceram absolutamente intactos e recuperáveis.

A novidade representa um avanço imenso, pois supera as principais deficiências dos formatos atuais de armazenamento. O DNA não se danifica quanto exposto a campos magnéticos, não se desintegra em temperaturas extremas e não se deteriora quando há quedas de energia. Essas vantagens fizeram os pesquisadores da Microsoft formalizarem uma ousada meta de construir até o fim da década um sistema comercial de arquivamento em DNA.

A Catalog Technologies, que recebeu investimento do meu amigo Ryan Bethencourt, fundador da IndieBio, a maior aceleradora de biotecnologia do mundo, é outra empresa que faz isso. Neste mês, ela anunciou que pretende fabricar um protótipo do tamanho de um ônibus para converter arquivos digitais em sequências de DNA.

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Embora haja expectativa para a evolução dessa técnica, há inúmeros obstáculos. Codificar e decodificar dados digitais em DNA sintético ainda é um processo lento e caro. Mas a drástica redução dos custos observada nos últimos anos poderá fazer com que gigantescos servidores se tornem estruturas ultrapassadas em breve. Quem duvida? *É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

Opinião por Maurício Benvenutti
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