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QuintoAndar recebe aporte de US$ 300 mi em disputa pelo mercado imobiliário

Startup imobiliária se transforma em um dos maiores nomes do ecossistema brasileiro e planeja internacionalização no México

Foto do author Guilherme Guerra
Por Guilherme Guerra
Atualização:

QuintoAndar, startup especializada em aluguel e venda de imóveis, anuncia hoje um aporte de US$ 300 milhões (quase R$ 1,6 bilhão), o que eleva seu valor de mercado para US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões). Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a rodada faz da empresa uma das maiores startups de capital fechado do ecossistema brasileiro – o líder isolado é o Nubank, com US$ 25 bilhões (R$ 132 bilhões).

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O investimento foi liderado pelo fundo Ribbit, com participação de SoftBank Latin America Fund, LTS, Maverick, Alta Park, Dragoneer, Qualcomm e Kaszek Ventures. A startup afirma ainda que “uma gestora americana de ativos diversificados com mais de US$ 2 trilhões sob administração” fez parte da rodada de forma anônima.

“A marca dos US$ 4 bilhões de avaliação reflete o reconhecimento dos resultados entregues pelo QuintoAndar nas últimas rodadas. Os fundos agora esperam que essa avaliação vá se multiplicar, o que é uma grande responsabilidade”, afirma ao Estadão o cofundador e presidente executivo da startup, Gabriel Braga.

QuintoAndar tem avaliação de mercado de US$ 4 bilhões, posicionando a startup como uma das maiores do Brasil Foto: QuintoAndar/Divulgação

Com o cheque, além de expandir equipe e continuar investindo em tecnologia na plataforma, o QuintoAndar pretende iniciar as operações no México. A internacionalização tem sido um movimento comum às startups brasileiras que veem no México um mercado similar ao brasileiro de cinco anos, com um ecossistema de inovação ainda em estágio inicial.

“Olhamos para fora do Brasil como uma oportunidade interessante e decidimos começar pelo México, que é o segundo maior país da América Latina e tem dores parecidas com o mercado brasileiro”, explica Braga. O executivo reconhece que o país pode apresentar diferenças regionais e cita desafios como um nível menor de digitalização e maior informalidade nas negociações no setor imobiliário. “Mas várias nuances só vamos ver quando pisarmos lá”. 

O presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e colunista do EstadãoFelipe Matos, aponta que a internacionalização do QuintoAndar é “intrigante” porque ainda há bastante espaço para crescimento no Brasil - atualmente ela negocia aluguéis em 40 cidades do País e realiza compra e venda em 4 capitais. “Para internacionalizar, é preciso crescer aqui e lá fora. Eles têm caixa para isso e operações boas, mas pode haver dispersão de esforços de crescimento”, diz.

Para Guilherme Fowler, professor de inovação do Insper, esse passo pode sinalizar que o QuintoAndar talvez planeje ficar apenas nas grandes cidades do País, sem adentrar o interior. “Isso significaria que eles não querem atuar em cidades menores, mas que a solução tecnológica deles é adaptável para outros contextos”, afirma.

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Gabriel Braga é cofundador e presidente executivo do QuintoAndar Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Rota de colisão

O QuintoAndar atua em um mercado de números superlativos. Além do aporte de US$ 300 milhões e avaliação de US$ 4 bilhões, o mercado de “proptechs” (startups do ramo imobiliário) levantou US$ 526 milhões em seis investimentos no Brasil, até 30 de abril de 2021, segundo a empresa de inovação aberta Distrito. Em comparação, fintechs (do setor financeiro) e retailtechs (do varejo) levantaram, respectivamente, US$ 731 milhões e US$ 507 milhões, com 45 e 22 investimentos no total.

Em abril deste ano, a proptech Loft, que usa um algoritmo para precificar o valor dos imóveis para compra e venda, recebeu o maior investimento do Brasil em 2021: US$ 425 milhões, com avaliação de mercado de US$ 2,9 bilhões.

“Não dá para negar que o mercado de proptech no Brasil vive uma fase de profunda transformação, mas o volume investido ainda é muito concentrado nos dois grandes players. Quando observamos mercados como o de fintech, existe um volume de investimentos grande, mas com uma diversificação maior”, explica Gustavo Gierun, cofundador da Distrito.

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“O quanto essa quinta rodada do QuintoAndar não é uma reação ao crescimento da Loft?”, questiona Fowler. Para ele, a tendência do mercado aponta para uma concentração dessas duas startups. “Podemos ter um mercado com dois players e uma franja de pequenas empresas que vão estar conectadas a essas plataformas.”

Matos aponta que as duas gigantes devem entrar em rota de colisão muito em breve. Isso porque o QuintoAndar começou, em 2019, no segmento de compra e venda de imóveis, área em que a Loft é especializada. Já a Loft oferece desde março deste ano seguros residenciais, algo que o QuintoAndar já fornecia em sua plataforma. Agora, parece que a oferta de produtos financeiros é o próximo passo para ambas.

“Não tenho dúvidas de que vai ambas vão para a área de financiamento daqui a pouco, embora não sei se diretamente. Da parte do QuintoAndar, olhando para essa captação, uma pista é o papel do fundo Ribbit, que investe só em fintechs. Existe o potencial para eles se tornarem um agente financeiro imobiliário”, aposta o presidente da ABStartups.

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É algo que Braga reconhece como relevante. “Serviços financeiros sempre foram um pilar forte do nosso negócio. Eventualmente, podemos fazer algum produto financeiro independente da nossa plataforma”, diz o executivo.

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