Raízs, startup de alimentos orgânicos, levanta US$ 4 milhões e planeja expansão para o Rio

Empresa registrou salto na pandemia, mesmo com a chegada de concorrentes, como a LivUp

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Por Guilherme Guerra
Atualização:

A Raízs é a mais nova das “foodtechs” (startups do ramo alimentício) a levantar uma rodada de investimento de US$ 4 milhões (cerca de R$ 20 milhões), anuncia a companhia nesta quarta-feira, 27. Especializada em entregas de alimentos orgânicos recém-colhidos, a startup quer expandir para o Rio de Janeiro em 2022, indo além do Estado de São Paulo, onde atua desde sua fundação, em 2016.

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O aporte foi liderado pelo fundo carioca Solum Capital, acompanhado do KPTL Capital. Esse é o segundo cheque da Raízs, que já havia levantado US$ 2 milhões em 2019. Desde então, a startup afirma triplicar de tamanho a cada ano.

“Nossa história mostra que conseguimos crescer com pouco dinheiro” porque somos muito bons em executar. E é assim que convencemos nossos investidores”, explica ao Estadão o fundador e presidente executivo da Raízs, Tomás Abrahão.

Nos últimos dois anos, a Raízs viu o negócio despontar graças à ênfase na pegada “verde” - é o movimento que se intensificou na pandemia, com o aumento da preocupação relacionada à utilização de alimentos sem agrotóxicos. “Com as pessoas em casa, começamos a olhar mais para o que comemos. Ficamos mais sensíveis a essas questões”, aponta Abrahão.

Em 2016, Tomás Abrahão fundou a Raízs, startup de entrega de alimentos orgânicos Foto: Divulgação/Raízs

O modelo de negócio da Raízs consiste em fazer a entrega dos alimentos da terra à mesa. Assim, a companhia elimina intermediários, negociando os produtos com pequenos agricultores e realizando as entregas diretamente às casas dos clientes. Segundo Abrahão, é com esse modelo que a startup consegue preços até 20% menores em relação às gôndolas dos mercados. Além disso, ele diz que o modelo permite fidelizar os agricultores, que recebem também 20% a mais nas vendas.

Como outras startups do segmento, a Raízs usa tecnologia própria para prever a demanda, utilizando aprendizado de máquina para entender os gostos dos clientes. Dessa maneira, a companhia faz o planejamento da colheita junto aos produtores e agrônomos da startup. Outro uso é na roteirização de rotas para a distribuição dos itens pelas cidades, reduzindo desperdício de alimentos para 4%.

Nesse esquema, a Raízs atingiu o tão sonhado breakeven, quando a startup deixa de operar no vermelho e passa a gerar lucro. Impulsionada pelo novo cheque, a meta é aumentar a cifra. O plano inclui ainda a expansão de funcionários (hoje são 180 pessoas contratadas) e o aumento da linha de produtos de marca própria, como castanhas.

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Atualmente, a Raízs possui 52 mil clientes e atende as regiões da Grande São Paulo, Guarulhos, Alphaville, região do ABC, Grande Campinas, Santos, Bertioga e Litoral Norte de São Paulo. 

Bom momento para o segmento

As foodtechs têm ganhado espaço no Brasil. Além dos unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) iFood e Daki, o Brasil possui 357 nomes do setor alimentício, segundo levantamento do fundo Outcast.

Um destaque recente é a Diferente, especializada em alimentos orgânicos “feios”, descartados dos mercados. Em março, a companhia, fundada por um ex-James Delivery, foi responsável por levantar US$ 4,4 milhões para iniciar a operação no Brasil.

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Além dela, a LivUp, conhecida pelas marmitas saudáveis congeladas, entrou em 2021 no ramo de entrega de hortaliças e oleaginosas, batendo de frente com a Raízs.  Mais capitalizada, a startup levantou R$ 230 milhões no fim do ano passado, mas, em fevereiro de 2022, realizou demissões de 15% dos funcionários.

“A concorrência já existe e estamos preparados para ela”, comenta Abrahão. “Ter dinheiro é importante, é claro, mas é uma parte do processo. Temos tecnologia, marca e história, e isso não se compra do dia para a noite. Mesmo com rivais com mais de dez vezes o nosso dinheiro, a gente continua crescendo.”

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