EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Sócio da Startse. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Rebeldia, conhecimento e capital

Quando esses três elementos se juntam, forma-se uma economia empreendedora. Um ambiente altamente dinâmico que melhora a cada dia.

PUBLICIDADE

Atualização:

O empreendedorismo virou um fenômeno global. Centros que incentivam o desenvolvimento de startups são facilmente vistos pelo mundo. Entre vários fatores, três contribuem significativamente para formar esses ambientes de fomento à inovação.

Primeiro, é indispensável estimular a rebeldia. Atrair indivíduos que interrogam padrões. Afinal, tudo começa com os causadores de problemas. Gente teimosa, que desafia o status quo, estabelece novas regras e não suporta as atuais. Mas a desobediência isolada não vai longe. É preciso aproximá-la do conhecimento técnico. Steve Jobs, por exemplo, era um rebelde. Steve Wozniak, um engenheiro notável. Da união deles, nasceu o computador pessoal.

De Jobs e Wozniak, o rebelde e o técnico, nasceu o computador pessoal da Apple Foto: Apple

PUBLICIDADE

Assim, incentivar o know-how de primeiríssima linha é crucial para a construção de projetos únicos. Por fim, tais soluções precisam de capital. De investidores ousados, tomadores de risco e conhecedores do verdadeiro potencial desses negócios. É esse fôlego financeiro que promove a “rebelião”, tira os empreendedores do anonimato e faz CNPJs de garagem competirem de igual para igual com grandes corporações.

Rebeldia, conhecimento e capital, portanto, formam o tripé que suportou a construção de recentes negócios de sucesso. Mas não basta só um ou dois desses elementos. É preciso desenvolver os três.

Economias movidas só por capital são geralmente dominadas por recursos naturais ou estruturas altamente demandadas. Pense nos países com muito petróleo. Nesses locais, a riqueza intelectual se concentra nas atuais empresas e o questionamento às normas é pouco encorajado. Já os ambientes dotados de conhecimento, mas ausentes de rebeldia e capital, viram economias de contrato. A melhor maneira de criar valor é vendendo o conhecimento dos seus profissionais para outros países. Nessas regiões, empreendedores tendem a desistir dos seus sonhos ou procurar oportunidades no exterior. E finalmente, quando há unicamente rebelião, desacompanhada de conhecimento e capital, surgem as economias de subsistência. Nelas, a vontade dos visionários é geralmente expressa de outras formas, como movimentos políticos, ativismo social e criação artística. Isso até impulsiona algumas mudanças, mas não constrói grandes negócios.

Publicidade

Mas quando rebeldia, conhecimento e capital se juntam, forma-se uma economia empreendedora. Um ambiente altamente dinâmico que melhora a cada dia. Não é acaso que vários serviços consumidos por você nasceram no Vale do Silício. A região soube facilitar o acesso ao capital de risco, desenvolver um know-how privilegiado – graças a universidades e centros de inovação locais – e cultivar uma mentalidade rebelde há décadas, que busca romper o curso normal das coisas sempre que há espaço para melhorar a vida das pessoas.É SÓCIO DA EMPRESA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA STARTSE

Opinião por Maurício Benvenutti
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.