Robôs ‘simpáticos’ começam a chegar ao mercado

Companheiros. Capazes de entender emoções e ‘falar’ com humanos, dispositivos estarão em breve nas lojas, mas tecnologia ainda tem limitações para se popularizar

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Entre a turma dos robôs 'fofinhos', feitos para os lares, o Jibo é o único que já está no mercado, por US$ 800 Foto: Jibo

Robôs capazes de conversar, interagir com seres humanos e até expressar emoções fazem parte do imaginário popular há algum tempo, graças à ficção científica. Agora, isso começa a virar realidade, com startups e gigantes de tecnologia colocando no mercado uma nova geração de androides simpáticos, com design inovador e habilidade para responder ao chamado humano. 

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É um negócio promissor: segundo a consultoria P&S Market Research, o mercado de robôs pessoais deve movimentar US$ 34 bilhões em 2022. Os dispositivos podem ser úteis em diversas áreas: além de simplesmente entreter com sua graça, também podem servir como companhia e executar serviços nas áreas de saúde, atendimento e cuidados pessoais. 

“Eles serão ótimos para substituir humanos em tarefas altamente repetitivas, como a de recepcionista”, diz With Andrews, vice-presidente de pesquisas da consultoria Gartner. “Outra possibilidade é cuidar de idosos, uma área em que faltam profissionais qualificados.” 

Na categoria de robôs “fofinhos”, Jibo, Aibo, Kuri e Buddy foram criados para ganhar espaço dentro dos lares, bastante inspirados pela ficção. O Buddy, da francesa Blue Frog, foi inventado porque seu criador era fã da série Star Wars e sonhava ter um R2-D2 como companheiro. 

Todos fazem truques parecidos, como tirar fotos dos donos, falar algumas frases (ou latir), correr, dançar e simular sentimentos como excitação, alegria, tristeza e surpresa ao reconhecer os usuários. 

Além disso, todos têm feições delimitadas, que lembram humanos ou cães, mas de forma não realista. Segundo Fernando Osório, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação da USP São Carlos, a ideia é gerar identificação e confiança. “Há algum tempo, tivemos robôs que buscavam imitar seres humanos. Eles não passavam empatia, deixavam os usuários desconfortáveis.” 

Apenas o Jibo já está disponível nas lojas – nos EUA, é vendido por US$ 900. Os outros chegam ao mercado em 2018, por preços entre US$ 800 (Kuri) e US$ 1,7 mil (Aibo, que será vendido só no Japão). O custo é ainda empecilho para a popularização da tecnologia – para muitos, os robôs não passam de brinquedos caros. 

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Funcionário padrão. Há androides, porém, criados para se dedicar a substituir atendentes, recepcionistas e vendedores. É o caso do pioneiro Pepper, da japonesa SoftBank Robotics, e do brasileiro Tinbot, em fase de testes. “O Tinbot pode reconhecer os funcionários da empresa, ditar a agenda e orientar reuniões”, diz Marco Diniz, da startup DB1 Global, responsável pelo Tinbot. “Hoje, o robô tem mais valor para uma empresa. Em casa, ele é legal no primeiro momento, mas deixa de ser novidade.” 

Para Steve Carlin, executivo da SoftBank, há duas razões para a aposta no mercado corporativo: além do alto preço dos dispositivos, a tecnologia precisa avançar para entrar nas residências, ambiente no qual as tarefas são mais variadas. “O Pepper é capaz de interações curtas, como ajudar a obter informação no aeroporto ou num hotel”, diz. “Ainda precisamos desenvolvê-lo para ele ter interações significativas o tempo todo, como seria se ele fosse um amigo da casa.”

Limitações. Segundo pesquisadores entrevistados pelo Estado, a mecânica e a eletrônica existentes dão conta de fazer bons robôs. Avanços, no entanto, precisam ser feitos nos softwares desses dispositivos, em áreas como reconhecimento de imagens e processamento da linguagem humana. 

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Hoje, não só os robôs, mas também assistentes de voz, como Siri e o Google Assistant, já conseguem conversar com seres humanos. A dificuldade em manter uma conversa de mais de alguns minutos com eles, porém, mostra que ainda há muito a se evoluir. 

Para que essa convivência dê certo, os humanos precisam aprender a interagir com os robôs. “Uma criança ou um idoso pode se sentir intimidado com um robô dançando ao seu lado”, diz o pesquisador da USP. É também por isso que muita gente aposta que só depois de uma primeira interação com robôs em lojas e aeroportos as pessoas poderão ficar dispostas a levá-los para casa.

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