
Felipe Matos
São Paulo avança, mas enfrenta desafios como ecossistema de startups
Mais do que buscar competir com os maiores ecossistemas, a principal oportunidade para São Paulo está em se estabelecer como líder regional na América Latina
08/07/2020 | 05h00
Por Felipe Matos - O Estado de S. Paulo
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São Paulo voltou aparecer no ranking dos melhores ecossistemas globais para startups, na 30ª posição, segundo a edição 2020 do relatório Startup Genome. A cidade chegou a figurar entre os 20 principais ecossistemas mundiais em 2017, mas perdeu espaço nos dois anos seguintes, quando nem sequer figurou entre os top 30. A favor, pesou o surgimento de diversos unicórnios – empresas de tecnologia avaliadas em pelo menos U$ 1 bilhão – em 2019 e o aumento dos investimentos em venture capital.
Dentre os principais critérios que compõe o ranking, estão eixos como a performance do ecossistema, talento, conectividade e conhecimento. São Paulo tem ido relativamente bem no quesito performance, representado por itens como quantidade e crescimento de startups, investimentos captados, e volume de exits, as chamadas saídas, que geram retorno aos investidores por meio da venda de empresas. Ainda assim, apesar do crescimento nos anos recentes, o volume de capital investido por aqui é considerado baixo na comparação com outros ecossistemas e esse capital ainda não produziu um grande número de saídas.
Ainda assim, apesar do crescimento nos anos recentes, o volume de capital investido por aqui é considerado baixo na comparação com outros ecossistemas
Nos demais critérios, porém, a cidade apresenta desafios importantes, com especial atenção para questões nacionais, como o ambiente regulatório e sua complexidade burocrática excessiva, a capacidade de formar talentos em tecnologia com maior escala e qualidade, bem como aumentar a conexão e intercâmbio com mercados internacionais e a produção de conhecimento científico e tecnológico relevante.
Encabeçam o ranking a região do Vale do Silício, nos EUA, seguida por Londres e Nova York empatados em segundo lugar, e a chinesa Pequim em terceiro. Segundo um dos autores do ranking, o brasileiro Arnobio Morelix, mais do que buscar competir com os maiores ecossistemas, a principal oportunidade para São Paulo está em se estabelecer como líder regional na América Latina, valendo-se de fortalezas setoriais específicas nas áreas financeira e de saúde. Vale ressaltar ainda que o desenvolvimento de São Paulo provoca um efeito multiplicador em outros ecossistemas nacionais, como Belo Horizonte, Rio, Recife ou Florianópolis, cujas startups por vezes se estabelecem também em SP,buscando capital e clientes.
Com a Economia das Startups movimentando U$ 3 trilhões no mundo – bem mais que o PIB do Brasil – e em crescimento acelerado, construir ecossistemas fortes na área deve ser um objetivo estratégico a ser perseguido pelas principais nações. Por isso, é tão importante que agendas relacionadas ao estímulo do empreendedorismo tecnológico avancem, como o Marco Legal das Startups, em discussão no Legislativo, que propõe mecanismos que podem acelerar o crescimento de startups aqui.
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