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Segundo maior polo do Estado, Uberlândia busca vocação

Prefeitura incentiva novas startups, ao mesmo tempo que tenta evitar que as outras deixem a cidade

Por Bruno Capelas
Atualização:
Equipe da Evnts teve de se concentrar em SP Foto: Evnts

Maior cidade do Triângulo Mineiro e segunda maior de Minas Gerais em número de startups, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Uberlândia fica a cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte, e próxima de cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto. Hoje, o município de mais de 600 mil habitantes dá passos para fortalecer seu ecossistema de startups, sem precisar orbitar ao redor de Belo Horizonte ou São Paulo.

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“Queremos ser uma cidade pertinente para quem quiser abrir uma empresa digital”, afirma Gustavo Maierá, diretor de inovação da prefeitura de Uberlândia.

Condições para isso existem: há universidades federais na região e uma do Grupo Algar, que atua em telecomunicações e TI. Além disso, o custo de vida mais baixo e a localização, entre Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Goiânia, também são atrativos – Uberlândia já foi conhecida como a “capital da logística”.

O primeiro passo dado pela prefeitura foi um censo de inovação na cidade para descobrir a vocação das empresas locais. “Houve poucas conclusões: está tudo misturado, tem startups de agronegócio, software, gestão empresarial”, diz Maierá. Além disso, o estudo também levantou as dificuldades das startups – e como evitar que elas tenham de deixar Uberlândia.

Foi o que quase aconteceu com a Evnts, startup fundada em 2015 que automatiza reservas de hotéis para quem comparece a eventos de grande porte, como Rock in Rio e Brasil Game Show. Hoje, a em presa tem 21 funcionários, mas apenas três deles, da área de tecnologia, ficam em Uberlândia. “O comercial e o marketing precisam ficar em São Paulo, por conta dos clientes”, diz Alexandre Rodrigues, cofundador da startup, que tem parcerias com mais de 600 eventos. Até o fim do ano, a empresa espera hospedar 110 mil pessoas – ela fica com 10% do valor das reservas, repassado pelos hotéis. “Em 2018, queremos ir para a Europa.”

Zup. Dividir para conquistar. Esse foi o jeito que a Zup, maior startup de Uberlândia, encontrou para crescer sem sair da cidade. Com mais de 400 funcionários, a empresa manteve 60% do time na cidade – a equipe de desenvolvimento de tecnologia, com custo mais baixo, fica em Minas, enquanto a área de negócios se divide em escritórios nas Regiões Sul e Sudeste. 

Dona de um sistema de análise de grandes conjuntos de dados (Big Data), a empresa já desenvolveu aplicativos para operadoras como Vivo e Nextel e bancos como Santander. “Ajudamos essas empresas a se digitalizarem de modo mais rápido”, diz Gustavo Debs, diretor de operações e cofundador.

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Zup e Evnts foram citadas várias vezes na primeira edição do Congresso Internacional de Tecnologia, Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade (Cities Brasil). O evento foi realizado em Uberlândia há duas semanas numa parceria entre os governos municipal e estadual, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Sebrae e Grupo Algar. Mais de 3 mil pessoas – a maioria universitários – estiveram presentes.

Para empreendedores, o apoio do governo para a criação de novas empresas é bom, mas há outras prioridades, como a redução de impostos – uma demanda reconhecida pelo poder público. “Mas aprovar uma renúncia fiscal desse tipo é muito difícil”, diz Maierá. 

*o repórter viajou a convite da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). 

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