SoftBank investe US$ 110 mi na startup de reformas MadeiraMadeira

Fundada em 2009, empresa curitibana oferece uma plataforma digital para facilitar a construção e reformas de casas; com recursos, quer expandir área de logística e oferecer serviços como crédito e seguros

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Por Giovanna Wolf
Atualização:

Especializada na venda de móveis e material de construção, a startup curitibana MadeiraMadeira é a mais nova empresa brasileira a receber um investimento do grupo japonês SoftBank. Fundada em 2009 como um site de comércio eletrônico, a empresa anuncia nesta terça-feira, 17, o recebimento de um aporte de US$ 110 milhões, liderado pelos japoneses e com a participação dos fundos americanos LightStreet Capital e Flybridge Capital. 

Um dos maiores investidores do mundo em startups de tecnologia, com empresas como Uber, Alibaba e WeWork em seu portfólio, o SoftBank tem movimentado o mercado brasileiro nos últimos meses. Em março, anunciou a criação de um fundo de US$ 5 bi voltado para startups latinas. Desde então, já aportou mais de US$ 1 bilhão em nomes como a colombiana Rappi e as brasileiras Banco Inter, Creditas, Loggi, Gympass e QuintoAndar – as três últimas se tornaram unicórnios (startups avaliadas acima de US$ 1 bi) com os investimentos dos japoneses. 

Marcelo Scandian, Daniel Scandian e Robson Privado, fundadores da MadeiraMadeira: negócio iniciado em família Foto: MadeiraMadeira

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O investimento na MadeiraMadeira chama a atenção por ser feito em uma empresa pouco conhecida, mas faz sentido para os especialistas. “A MadeiraMadeira não é só um e-commerce. Ela evoluiu nos últimos anos, tornando-se também uma empresa de tecnologia e gestão para o setor de móveis e construção civil”, avalia Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups

Segundo Paulo Passoni, sócio de investimentos do fundo SoftBank na América Latina, o grupo japonês poderá apoiar a startup em áreas como logística e experiência do cliente. “A MadeiraMadeira está em posição única para liderar a transformação digital de uma indústria”, disse, em nota. Para Matos, a jogada do SoftBank foi ousada: “O investimento é uma aposta no reaquecimento da construção civil no Brasil, que vem se recuperando de uma forte crise”, diz. 

Empresa tem trajetória discreta, mas já levantou US$ 38,8 mi

Fundada pelos irmãos Marcelo e Daniel Scandian, junto com Robson Privado, a MadeiraMadeira nasceu como negócio de família: os pais dos Scandian tinham uma fábrica de pisos que exportava para EUA e Europa. “O mercado estava em crise e percebemos uma oportunidade: reformas costumam ser sinônimo de frustração para as pessoas, que precisam se deslocar para comprar diversos itens em várias lojas”, conta Daniel, que é o presidente executivo da empresa. 

Nos dez anos de sua existência, a empresa tem uma trajetória discreta, mas com bons números: a empresa já levantou US$ 38,8 milhões em aportes, de fundos tradicionais do ecossistema local, como Kaszek e Monashees. Hoje, tem um catálogo de aproximadamente 1 milhão de itens, entre móveis e materiais de construção. Além de vender produtos, a MadeiraMadeira trabalha com os fabricantes e também oferece soluções de gestão e logística para os parceiros, em um modelo de negócios com diversas fontes de receita. 

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Segundo o presidente executivo Daniel Scandian, os recursos recebidos no aporte desta terça-feira serão utilizados para turbinar áreas como logística e serviços financeiros. “Lidamos com produtos grandes e pesados. Queremos desenvolver essa cadeia para ganhar velocidade e eficiência”, diz. 

Há mais por vir: além de investir na área de logística, a empresa pretende criar trazer novos serviços para a plataforma – há cerca de duas semanas, por exemplo, lançou um serviço de crédito ao consumidor que busca construir ou reformar. “Teremos uma solução completa: no futuro, queremos oferecer serviços de montagem e instalação, bem como seguros residenciais”, diz Daniel. O executivo também pretende reforçar a área de tecnologia, onde estão 200 de seus 650 funcionários. 

O plano para os próximos meses é também chamar mais a atenção para a marca da startup, ainda pouco conhecida. “Foi uma característica nossa: desde o começo, olhamos mais para dentro do negócio do que para fora”, explica Daniel. Além disso, o executivo diz não descartar uma expansão internacional. “O Brasil é um país continental cheio de oportunidades, mas há grande potencial na América Latina, a longo prazo.” 

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