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Startup CyberGym simula ‘guerra virtual’ para treinar executivos

Em antiga fazenda de laranjas no interior de Israel, empresa faz ‘jogo’ com invasões em tempo real para preparar executivos e técnicos de segurança; custo de treinamento pode chegar a US$ 300 mil por semana

18/07/2017 | 05h00

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 Por Bruno Capelas, enviado especial a Hadera, Israel* - O Estado de S. Paulo

Imagem mostra a 1'casa vermelha', onde fica o time de 'hackers do bem' da CyberGym: durante os treinamentos, eles atacam os sistemas da empresa que contratou a startup

Bruno Capelas/Estadão

Imagem mostra a 1'casa vermelha', onde fica o time de 'hackers do bem' da CyberGym: durante os treinamentos, eles atacam os sistemas da empresa que contratou a startup

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Em uma antiga fazenda de laranjas em Hadera, cidade do norte de Israel a cerca de 50 quilômetros de Tel Aviv, a startup israelense de cibersegurança CyberGym promove treinamentos para empresas, governos e bancos. Nesse ambiente rural, a companhia simula uma “guerra virtual”  em tempo real, com diversos tipos de ataques e invasões digitais. O objetivo é ver como os executivos dos clientes reagem a situações de alto estresse.

Hoje, cerca de 40 pessoas trabalham na “fazenda”, mas a CyberGym já alça voos além das fronteiras israelenses, com instalações próprias na República Tcheca, na Austrália e na Lituânia. Em Portugal, presta serviço dentro de uma companhia. E há mais por vir: em 2018, a empresa planeja começar a oferecer treinamentos no Brasil. 

“Um boxeador faz inúmeros treinos antes de ir para a arena. As empresas precisam fazer o mesmo com a cibersegurança”, diz Ofir Hason, presidente executivo da CyberGym. Neste caso, trata-se de um serviço intenso e que não sai barato: uma semana de atividades na fazenda de Hadera custa entre US$ 100 mil e US$ 300 mil, segundo apurou o Estado. 

Conheça as instalações da startup israelense CyberGym

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CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Fundada em 2013, a CyberGym fica em Hadera, a 50 quilômetros de Tel Aviv, em uma antiga fazenda de laranjas 

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

A startup oferece treinamentos bem intensos, simulando ataques em tempo real à infraestrutura de empresas. A ação se divide em três casas – em uma, fica a empresa que está sendo treinada; em outra, o time da CyberGym, atacando; em uma terceira, analistas acompanham a ação ao vivo

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Imagem mostra a 1'casa vermelha', onde fica o time de 'hackers do bem' da CyberGym: durante os treinamentos, eles atacam os sistemas da empresa que contratou a startup

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

As instalações que abrigam as equipes durante treinamentos eram antigas casas de trabalhadores rurais da fazenda de laranjas

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

"Um boxeador faz inúmeros treinos antes de ir para a arena. As empresas precisam fazer o mesmo com a cibersegurança", diz Ofir Hason, presidente executivo da CyberGym

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

A CyberGym faz 'imitação' dos sistemas da empresa que está sendo atacada – simulações podem incluir infraestrutura elétrica e até caixas eletrônicos

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Em um dos momentos mais marcantes da visita, Hason para diante de um caixa eletrônico e mostra como ele pode ser invadido facilmente – afinal, o terminal automático usa Windows NT 4.0, sistema lançado pela Microsoft em 1996 e obviamente, fora de suporte.

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

O custo de uma semana de atividades em Hadera pode variar entre US$ 100 mil e US$ 300 mil, diz Ofir Hason

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Hoje, cerca de 40 pessoas trabalham em Hadera. A CyberGym que também já abriu instalações próprias na República Tcheca, Austrália e Lituânia, além de um centro fechado em Portugal.

CyberGym

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Há mais por vir: em 2018, a empresa planeja oferecer treinamentos no Brasil. 

Como funciona. Antes da simulação começar, cada empresa fornece à CyberGym um esquema básico de seus sistemas de segurança. A startup recria as plataformas do clientes, como banco de dados e centros de controle, mas também operações físicas, como caixas eletrônicos e plataformas de petróleo.

Na fazenda em Hadera, três antigas casas de trabalhadores rurais abrigam as diferentes equipes que participam das simulações. Na “casa vermelha”, um time de hackers da CyberGym tenta invadir os sistemas da instituição que está sendo treinada. 

Na casa azul, fica o time em treinamento, que pode ser composto por executivos de alto escalão ou funcionários da área de segurança. “É necessário preparar os executivos para tomar decisões em momentos difíceis”, diz o presidente da CyberGym. 

Ali, a equipe precisa decidir qual ferramenta de segurança deve ser ativada ou se é necessário, por exemplo, avisar autoridades regulatórias e a imprensa sobre o ataque. Saber o que fazer na “hora H” é importante, segundo Hason, pois uma pesquisa da PwC mostra que 95% dos ataques virtuais começam a partir de erros humanos – que, no fim das contas, poderiam ser evitados com treinamentos.

Em uma terceira casa, um time de analistas da CyberGym presta atenção a cada movimento das duas equipes. Ao fim do treinamento, um relatório é preparado pela startup israelense com as fraquezas demonstradas durante o teste. 

“Queremos dar um choque de realidade nos executivos”, diz o executivo, como quem se empolga com um novo videogame. Em um dos momentos mais marcantes da visita, Hason para diante de um caixa eletrônico e mostra como ele pode ser invadido facilmente – afinal, o terminal automático usa Windows NT 4.0, sistema lançado pela Microsoft em 1996 e obviamente, fora de suporte. 

Segundo o presidente da CyberGym, é um tipo de caixa eletrônico ainda bastante usado na Europa – e que fez parte de um treinamento recente em Israel. “Perguntei ao banco que estávamos porque nunca tinham atualizado o seu sistema. Nos responderam que era caro demais. Mal sabem eles o quanto poderiam perder assim.”

11 números para entender porque Israel é uma potência das startups

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'População'

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Hoje, há cerca de 4 mil startups no país – o que levou Israel a merecer ser chamada de “Startup Nation”, em um livro que conta a saga dos empreendedores do país. Uma das mais famosas delas no Brasil é o Moovit (acima).

Cibersegurança

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Segundo dados do governo, 700 dessas são de cibersegurança. Algumas, porém, são grupos associados entre si, o que faz o Instituto de Exportações de Israel considerar que são 350 startups de cibersegurança atuando no país.

Tipo Exportação

Foto: Wikimedia Commons

Hoje, Israel já ocupa uma posição de destaque no setor – no ano passado, as 350 empresas do país exportaram US$ 4 bilhões com produtos e serviços de cibersegurança, segundo dados do Instituto de Exportações de Israel. É uma fatia relevante do mercado global, que movimentou US$ 73,6 bilhões em 2016, segundo a consultoria IDC.

Celeiro

Foto: Wikimedia Commons

Cerca de 1,4 mil startups são criadas todos os anos em Israel. 800 delas também são fechadas todos os anos, diz o governo.

Captação

Foto: Wikimedia Commons

Em 2016, as startups israelenses conseguiram US$ 4,8 bilhões em financiamento – 85% do capital utilizado vem de investidores estrangeiros).

Retorno

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Além disso, no ano passado, as startups israelenses renderam US$ 9,2 bilhões aos seus investidores iniciais, em um processo conhecido como “exit”. O “exit” pode ser feito de duas formas: via aquisições por outras empresas ou quando a startup abre capital na bolsa. 

Fundos

Foto: Reuters/Baz Ratner

Hoje em Israel há escritórios de 70 fundos de investimento, sendo que 14 deles são internacionais. Além disso, cerca de 220 fundos internacionais tem especialistas baseados em Israel, procurando por oportunidades em startups. Um dos principais fundos israelenses hoje é o JVP, baseado em Jerusalém (foto acima). 

Mobileye

Foto: Reuters

No começo deste ano, a Intel fez proposta para adquirir a startup israelense Mobileye por US$ 15,3 bilhões. O negócio, que ainda depende de aprovação das autoridades regulatórias, servirá para posicionar a Intel no setor de carros autônomos, e é uma das maiores aquisições da história das startups de Israel. 

Waze

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O Waze, fundado por Uri Levine, é um dos principais cases de sucesso de startups de Israel, tendo sido adquirido pelo Google em 2013 por US$ 1,3 bilhão

Checkpoint

Foto: Reuters/Baz Ratner

Com capital aberto nos Estados Unidos, a principal startup de Israel hoje é a Checkpoint, empresa de cibersegurança fundada pelo empreendedor Gil Shwed. Responsável pela criação do firewall, nos anos 1990, a Checkpoint vale hoje US$ 18,64 bilhões

Troca

Foto: Bruno Capelas/Estadão

Google, Apple, Facebook, Microsoft, Deutsche Telekom e mais de outras 350 multinacionais têm centros de pesquisa em Israel, o que ajuda na troca de experiências entre as empresas locais e as companhias de fora.

Prejuízos. A cibersegurança é uma preocupação crescente no mundo dos negócios: segundo a consultoria Gartner, o gasto global com proteção a ataques virtuais em 2017 deve ser de US$ 90 bilhões – daqui a três anos, esse número deve saltar para US$ 113 bilhões. 

Segundo as consultorias CGI e Oxford Economics, ataques e invasões digitais fizeram empresas com ações negociadas em Bolsa perderem US$ 52,4 bilhões em valor de mercado entre 2013 e 2016. 

Um exemplo concreto é o da divisão de negócios de internet do Yahoo: após a descoberta de dois vazamentos de dados, a empresa teve de aceitar uma oferta de US$ 350 milhões da operadora Verizon, que já negociava sua aquisição. 

*O repórter viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores de Israel

    Tags:

  • Israel

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