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Startup de bicicleta compartilhada Tembici levanta aporte de US$ 47 mi

Responsável por estações de bicicletas patrocinadas e com parceiros como o Itaú, empresa pretende usar recursos para expansão na América Latina e inserção de bicicletas elétricas

Por Bruno Capelas
Atualização:

A startup de bicicletas compartilhadas Tembici anuncia nesta quarta-feira, 3, que recebeu um aporte de US$ 47 milhões, liderada pelos fundos Valor Capital e Redpoint eventures. A rodada também contou com a participação do IFC, braço de investimentos do Banco Mundial – é a primeira vez que o grupo investe em uma startup de mobilidade. Liderada pela dupla Maurício Villar e Tomás Martins, a empresa oferece o aluguel de bicicletas em estações em diversas cidades na América Latina, com auxílio de parceiros como o Itaú – é quem está por trás do Bike Sampa, por exemplo, realizado na cidade de São Paulo. 

“O aporte vem para consolidar algo que acreditamos: a bicicleta é o transporte do futuro, ainda mais em um contexto pós-pandemia. Várias cidades e países estão incentivando o uso do veículo no retorno às atividades, para evitar aglomerações e por sua natureza limpa”, afirma Martins, presidente executivo da Tembici, em entrevista ao Estadão. Segundo ele, a Tembici está intensificando suas atividades de higienização em meio à pandemia do coronavírus para aumentar a segurança das magrelas. “É um negócio que pode ter uma queda durante a quarentena, mas vai surpreender com o aumento de uso com o retorno das atividades”, aposta Romero Rodrigues, sócio do fundo Redpoint eventures. 

Em São Paulo, Tembici executa o Bike Sampa em parceria com o Itaú Foto: Tembici

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Com os recursos do aporte, a Tembici pretende investir em três diferentes metas: aumentar o número de veículos nas cidades em que já atua, chegar a novas cidades no continente e também iniciar o uso de bicicletas elétricas. Hoje, a empresa diz ter cerca de 16 mil bikes nas cidades em que atua, realizando uma média de 80 mil viagens por dia. Além disso, a empresa diz ter hoje 800 colaboradores, sendo 250 nas áreas de tecnologia, atendimento e administração – os outros são responsáveis pela operação e manutenção dos veículos nas estações. 

Trajetória

Criada em 2010, como um projeto de conclusão de curso de Villar na Universidade de São Paulo, a Tembici tem uma trajetória de crescimento mais lenta e mais estável que a de outras empresas do setor de micromobilidade. Já rivais como a Grow e a americana Lime, que apostaram numa expansão rápida e no uso de patinetes elétricos, acabaram tendo problemas rapidamente e, nos últimos meses, tiveram de reduzir ou mesmo finalizar sua operação em várias cidades. 

Tomás Martins, presidente executivo da Tembici: mudança de comportamento será a longo prazo Foto: Mariana Pekin/Tembici

Para Martins, é uma questão de visão. “Desde que começamos a empresa, sabíamos que precisávamos de uma mudança de comportamento de médio a longo prazo: as pessoas são incentivadas a usar carros há muitas décadas. Mudar o hábito, usar uma bicicleta, não é algo rápido”, afirma o empreendedor. “Para nós, a concorrência foi positiva, mas nosso diferencial foi justamente entender que não se resolve tudo em seis meses ou um ano.” 

Na visão de Scott Sobel, sócio do fundo Valor responsável pelo investimento, o negócio da Tembici tem ainda outro diferencial para as concorrentes na micromobilidade: o uso de estações fixas. “É algo que reduz roubos e vandalismo, além de ser mais confiável para o usuário, o que traz números melhores para o negócio. Além disso, o sistema de parcerias que a Tembici utiliza também ajuda”, afirma. 

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Fundador do Buscapé, o investidor Rodrigues acredita que o modelo de estações também é mais útil para os usuários que dependem das bicicletas para trajetos diários. “Sem um ponto fixo, a pessoa pode gastar muito tempo procurando um veículo quando sai de casa ou de uma estação de metrô. A estação é um modelo mais previsível, nesse aspecto, e o principal usuário da Tembici é quem usa a bike todo dia.” Para Sobel, a introdução das bicicletas elétricas, que requerem menor esforço físico, podem ajudar na popularização do serviço em São Paulo, por conta das “longas distâncias e do relevo da cidade”. 

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