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Startup de carne vegetal Next Gen Foods levanta US$ 100 mi e chega aos EUA

Criada pelo brasileiro André Menezes em Cingapura, empresa mira também Europa e, em seguida, Brasil e China

Por Bárbara Nascimento
Atualização:

Com menos de dois anos de existência, a Next Gen Foods, startup de proteína vegetal fundada pelo brasileiro André Menezes em Cingapura, atraiu US$ 100 milhões (R$ 520 milhões, aproximadamente) em uma rodada série A (primeira etapa de investimento formal, quando a empresa busca recursos para escalar o produto ou serviço). É o maior valor já recebido em investimentos por uma empresa do setor.

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A captação atraiu o tradicional Fundo Soberano de Cingapura, Temasek Holdings, que gere uma carteira de mais de US$ 280 bilhões, e o escritório de venture capital GGV Capital e K3 Ventures. Todos investiram na rodada semente (que alcançou US$ 30 milhões em duas etapas) e ampliaram sua participação na empresa. Além deles, há também novatos como o indonésio Alpha JWC, o EDBI e MPL Ventures.

Apesar de novata no mercado, a Next Gen havia sido avaliada, à época da rodada inicial, em US$ 180 milhões, o equivalente a cerca de R$ 936 milhões. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Menezes não quis informar o valor atual da empresa, reavaliada para a rodada série A. “Agora (o valor) é substancialmente superior, pelo tamanho do round”, disse. “Temos uma lógica de não diluir demais.”

Além do aporte, a primeira marca da empresa, a Tindle, que fabrica “frango” de origem vegetal, chega hoje oficialmente ao quinto país: os Estados Unidos - o principal mercado global para a “carnes plant-based”. A entrada no mercado americano é o tiro mais alto para a empresa até agora. A ambição da startup, que tem como sócio, além de Menezes, o alemão Timo Recker, não é pequena: “Embora o mercado americano seja mais maduro e desenvolvido, temos muita clareza de que não existe ninguém com proposta igual à nossa para frango. Nossa ambição é criar essa categoria”, diz Menezes.

Tindle é uma das marcas de carnes vegetais da startup Next Gen Foods, criada pelo brasileiro André Menezes em Cingapura Foto: Rachel Soherato/Next Gen Foods

Conforme mostrou o Estadão/Broadcast em setembro, a Next Gen surgiu da expertise de Menezes, expatriado à Cingapura  em 2016 pela BRF, que ficou no país asiático mesmo após a dissolução da joint venture da multinacional, com o alemão Recker, que havia acabado de vender sua própria foodtech, a LikeMeat, para o Livekindly Collective e entrou com o capital inicial. A empresa tem uma proposta diferente: sem fábricas, trabalha com parcerias. Por enquanto, toda a produção é feita na Holanda, mas a startup negocia com indústrias americanas e asiáticas.

Além disso, a Tindle não fabrica o produto final e não estará nas prateleiras do mercado por enquanto. Em vez disso, produz uma espécie de “massa de modelar” vendida a chefs renomados, que a moldam como preferem: bife, hambúrguer ou almôndegas, por exemplo. Hoje, o frango da Tindle é vendido, além dos Estados Unidos e de Cingapura, por restaurantes na Malásia, nos Emirados Árabes e nas regiões autônomas chinesas Hong Kong e Macau.

Mais oxigênio

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Segundo Menezes, os US$ 100 milhões captados são suficientes para navegar com tranquilidade o mercado americano pelos próximos 12 a 18 meses. Além disso, o recurso irá para estrutura e pesquisa e desenvolvimento que possam servir não só à marca de frango vegetal, mas também a outros lançamentos. O brasileiro afirma que, após se consolidar nos EUA, o objetivo é chegar à Europa, embora ainda não haja países definidos nessa lista. Depois, Brasil e China.

Mesmo confortável para o próximo ano, Menezes não descarta novas captações, caso a empresa sinta que há interesse de investidores. Em países como Cingapura, com pouco espaço para cultivo e importador de alimentos, o investimento em carne vegetal tem sido considerado estratégico para conquistar mais autonomia e segurança alimentar.

Segundo ele, a empresa tem sido procurada com diversas propostas, mas não pretende abrir capital, pela via tradicional, por IPO (oferta inicial de ações, da sigla em inglês), ou por meio de uma SPAC (as empresas “cheque em branco”), por enquanto. “No curtíssimo prazo, não temos plano de IPO”, afirma. “É muito cedo para a gente. Estamos fazendo de tudo para ter uma empresa preparada para ser listada no futuro, mas se não fizer sentido para o negócio, não vamos fazer.”

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