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Startups elegem investimento-anjo como favorito em meio à desaceleração de aportes

Com menos dinheiro disponível na praça, empresas buscam opções para captar recursos

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Por Elisa Calmon
Atualização:

Com menos dinheiro disponível na praça, cerca de 50% das startups brasileiras consideram o investimento anjo como a melhor opção para captar recursos, mostra o Report Investimento 2022. A preferência reflete o cenário macroeconômico desafiador, enquanto empreendedores buscam não só o dinheiro, mas a melhor forma de gerenciá-lo, avaliam representantes da BR Angels Smart Network e a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), responsáveis pela pesquisa.

“A partir do momento que a fonte de investimentos para startups secou um pouco mais, aumentou a preocupação com a forma como o dinheiro será aplicado”, explica o fundador e CEO do BR Angels, Orlando Cintra. A pressão inflacionária também tem aproximado startups desse tipo de aporte. “Qualquer real gasto hoje precisa ser muito bem aplicado para multiplicar, porque perde valor rapidamente”, afirma.

50% das startups brasileiras consideram o investimento anjo como a melhor opção para captar recursos, diz pesquisa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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As startups da América Latina levantaram US$ 821 milhões em abril, queda de 35% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com a Sling Hub. Enquanto isso, demissões em massa também têm acendido o sinal amarelo do mercado. A Vtexfoi a última a anunciar 193 desligamentos, semanas após uma sequência de cortes nos unicórnios nacionais, incluindo Olist, QuintoAndar, Loft e Facily.

O diretor executivo da Abstartups, Luiz Othero, também atribui os desafios à conjuntura econômica. “Não vemos um cenário de crise setorial, mas de critérios mais rigorosos para investimentos em meio aos desafios macroeconômicos”, afirma. Para ele, as maiores exigências ajudam a explicar as demissões. “Com as rodadas mais escassas, é necessário ter uma boa performance operacional e cuidar melhor do caixa”, comenta.

Nesse contexto, Othero projeta que os investimentos em estágios iniciais devem seguir em 2022 com os mesmos níveis observados no ano passado. Por outro lado, rodadas maiores serão as mais atingidas.

Cintra, da BR Angels, destaca ainda a alta base comparativa de 2021, ano que teve um número atípico de investimentos em startups. “Precisamos olhar o filme e não a foto”, argumenta. Segundo o executivo, considerando a média dos últimos cinco anos, os aportes devem desacelerar, mas ainda com viés positivo. “Não é uma situação tranquila e normal, mas estamos longe de falar que acabou o dinheiro no mercado”, complementa.

Investimentos

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Realizado em maio de 2022, oReport Investimento 2022 aponta que a expectativa de 31,7% dos empreendedores é que a relação com os investidores-anjo ajude a abrir portas em potenciais clientes e no uso da rede de relacionamentos. Por outro lado, 24,9% esperam que auxilie no aconselhamento em áreas específicas - como tecnologia, RH e vendas; 20,7% na projeção da startup no mercado; 10,2% no mapeamento da concorrência e posicionamento do negócio; 10,2% no desenvolvimento profissional e 2,3% em aspectos distintos.

Das 257 startups consultadas para a pesquisa, 49,88% citam o investimento anjo como favorito. Em seguida, 19,71% optam por grandes fundos de Venture Capital; 13,30% por micro Venture Capital; 7,13% por fundos ou entidades do governo e 9,98% por outros meios.

Outro ponto abordado pelo relatório é a pretensão de 42% das startups em usar nos próximos anos produtos de Venture Debt, uma opção de financiamento para negócios que não possuem garantias ou geração de caixa suficientes para obter empréstimos tradicionais. Este modelo não é diluente de participação acionária e tem liberação mais rápida em comparação ao capital proveniente de fundos de Venture Capital.

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