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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Surge a indústria do combate às fake news

Combater a disseminação de notícias falsas é uma grande oportunidade para as startups. De grandes problemas, surgem grandes soluções.

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Atualização:

Desde a eleição presidencial dos EUA em 2016, o termo “fake news” se tornou parte do dicionário. As notícias falsas se tornaram uma espécie de epidemia contagiosa – tudo que lemos já é associado a uma possível notícia falsa. Com a crescente ingestão de conteúdo pela internet, as redes sociais se tornaram a principal fonte de informação e propaganda em proliferação. Para o Fórum Econômico Mundial, a disseminação das fake news são um dos principais riscos globais, no mesmo patamar de mudanças climáticas, crime organizado e escassez de alimentos.

O WhatsApp tem hoje mais de 1,5 bilhão de usuários e recentemente fez parcerias para coibir as fake news Foto: Dado Ruvic/Reuters

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É um problema que interfere diretamente em negócios e na reputação de grandes empresas, com perda de anunciantes e fraudes com publicidade digital – a principal fonte de receita de Facebook e Google. Em 2018, segundo informações da consultoria eMarketer, a Unilever – segunda maior anunciante global – ameaçou cancelar propagandas nas duas empresas se não houvesse uma política clara no combate às fake news. Da mesma forma, a Procter & Gamble, campeã mundial em anúncios, cortou US$ 100 milhões em orçamento de marketing digital. O sinal vermelho se acendeu, mas há oportunidade para novos negócios, dedicados a combater às fake news. E os gigantes estão dispostos a investir nelas. 

O Facebook uniu forças com a startup Factly, de inteligência artificial e aprendizado profundo, para realizar as operações de verificação de fatos. O mesmo vale para o WhatsApp: o app de mensagens fez uma parceria recente na Índia com uma startup local, Proto, para ajudar na classificação de mensagens enviadas ao serviço pelos usuários como verdadeiras, falsas, enganosas ou contestadas. 

A questão é que a tecnologia precisa se apoiar em empresas de mídia para codificar informações e aumentar o impacto do combate. Na semana passada, Google, Twitter, Facebook e a britânica BBC anunciaram aliança para ações de combate à desinformação. As medidas incluem um sistema de alerta precoce para eleições, educação online e melhor acesso a recursos imparciais para os leitores. 

No Brasil, a indústria das fake news também encontrou terreno fértil – hoje, estima-se que 20% do orçamento de marketing digital seja perdido com cliques falsos. Como é um tema novo, não existe regulação ou consciência sobre o tema. No futuro, a perspectiva é que esse tema seja tratado com novas soluções para o mercado de mídia, juntamente com inovações em segurança cibernética. É preciso repensar a distribuição dos conteúdos, com tecnologias que impeçam a disseminação de notícias falsas. É um papel também das grandes empresas, para construir soluções em conjunto. É uma grande oportunidade para as startups que já possuem no seu DNA uma abordagem mais multidisciplinar. De grandes problemas, surgem grandes soluções. É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

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Opinião por Camila Farani
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