SXSW 2017 discute como marcas podem influenciar pessoas

No Texas, especialistas discutem se é correto influenciar alguém para vender um produto, sem que a pessoa saiba

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Por Marcelo Moraes | AUSTIN
Atualização:
SXSW reúne eventos de tecnologia, mídia, cinema e música em Austin no mês de março Foto: Bryan Snyder/Reuters

Ao circular pelas palestras do festival South by Southwest (SXSW), realizado até o próximo domingo, 19, você ouve de tudo. Nos últimos dias, Robert Cialdini, professor de psicologia e marketing da Universidade do Arizona, falou sobre "Pre-suasion" – algo como pre-suasão em português. A tese dele, baseada em estudos psicológicos, fala sobre como podemos influenciar as pessoas sem que elas percebam. O ponto mais controverso dessa tese é ético: é correto tentar influenciar alguém para vender um produto sem que a pessoa saiba? Ponto para pensar.

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O assunto é abordado em dois outros livros de diferentes autores que recomendo a leitura: Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar, de Daniel Kahneman e Nudge, o Empurrão para a Escolha Certa, de Cass Sustein e Richard Thaler. 

Rohit Bhargava é o único palestrante que vi que esteve nas duas últimas edições do SXSW e há uma boa razão para isso: ele é um pesquisador que identifica tendências e todo ano publica um livro apresentando novidades na área. Feminismo feroz, sobrecarga de ruído e lealdade passiva, todos em tradução livre, foram as tendências apresentadas por Rohit. A primeira fala sobre como a mulher vem sendo retratada na cultura e na sociedade sem o estereótipo tradicional de fragilidade e como isso é cada vez mais natural. Faz todo sentido. Sobrecarga de ruído. Essa é uma outra grande verdade, consequência de um mundo onde todos são produtores de conteúdo. A maior parte dos vídeos, textos, fotos que nos impactam todo dia são lixo. Só nos sobrecarregam com assuntos sem o menor interesse. E todo esse ‘conteúdo’ compete com o que realmente interessa as pessoas.

A terceira tendência fala sobre como a comodidade faz com que a lealdade pareça algo maior do que realmente é. Esse ponto não é novo e, segundo o palestrante, diversas ferramentas digitais vem acelerando esse processo. Um exemplo dos Estados Unidos é uma parceria entre a marca de produtos de limpeza Tide e a Amazon.com. Elas criaram um dispositivo que oferecem aos seus consumidores e serve para que eles façam um pedido de reposição dos produtos Tide com o simples toque em um botão. Lealdade ou comodidade?

Na última palestra do dia não houve nenhuma grande novidade, mas o reforço de uma realidade cada vez maior: grandes empresas buscando se aproximar de startups com o objetivo de renovar seus negócios. Mondelez e Unilever contaram como estão construindo essa ponte. O grande consenso – difícil de implementar – é como incorporar novas iniciativas sem que os processos e burocracias de grupos gigantes mate no ninho o que pode ser o futuro.

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