SXSW 2017: Para a Ford, futuro do transporte pode – ou não – incluir os carros

Responsável pelo atual modelo de transportes, companhia mira futuro da mobilidade; em outra palestra, Pentágono mostra 'suas novas formas de guerra'

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Por Marcelo Moraes - AUSTIN
Atualização:
Bill Ford, presidente do conselho da Ford, fala no SXSW 2017 Foto: Bryan Snyder/Reuters

Qual a visão da Ford sobre o futuro dos transportes? Essa é uma pergunta interessante. Além de continuar entre as marcas mais conhecidas e de maior venda no mundo todo a Ford é a grande responsável pelo modelo de transporte que usamos hoje e que foi predominante em todo o século XX. Seu fundador, Henry Ford, revolucionou o mundo do transporte ao lançar o famoso modelo Ford T. Deu também enorme contribuição ao modelo de consumo de massa remunerando seus funcionários com um salário que possibilitasse que eles comprassem os carros produzidos pela empresa. Pensando que isso aconteceu mais de cem anos atrás, é genial. Quem se apresentou no terceiro dia do South by Southwest foi seu bisneto e atual presidente do conselho da Ford: Bill Ford. Em uma frase marcante e que define a posição da empresa sobre o assunto, Ford disse: “o futuro dos transportes pode ou não incluir carros”. De qualquer forma, os carros vão continuar fazendo parte das nossas vidas por um longo tempo – mas num outro formato. A Ford já mostrou isso: no mês passado, a empresa anunciou um investimento de US$ 1 bilhão em uma empresa de inteligência artificial formada por ex-executivos do Google e do Uber e focada no desenvolvimento de veículos autônomos, a Argo AI. Na visão do executivo, a utilização comercial dos carros autônomos e de outras formas de transporte – como os drones – apresentam diversos desafios ainda não equacionados. Questões regulatórias, éticas e sociais tem que ser debatidas e ter seus impactos avaliados.  Guerra. Numa outra apresentação interessante, o SXSW teve Will Roper, chefe de um departamento do Pentágono que todos sabiam que existia, mas que só foi tornado público em 2016: o de desenvolvimento de novas formas de guerra. E a razão de tornar público esse trabalho e contar no que eles estão trabalhando é uma só, segundo Roper: mostrar ao mundo que entrar em guerra com os Estados Unidos não é um bom negócio. Uma mensagem clara principalmente para russos e chineses. O desenvolvimento de tecnologia para uso militar é historicamente um dos motores da inovação e nesse campo os investimentos estão sendo direcionados para equipamentos não tripulados e uso de inteligência artificial. Um dos programas que usa essa tecnologia é o Swarm. Um grupo de drones recebe uma tarefa e a partir daí todo o gerenciamento sobre como realizar e lidar com os imprevistos que surgem é realizado pelos próprios drones, que dividem entre si as tarefas e se reorganizam em caso de perda de um dos equipamentos. Impressionante e assustador. O uso de realidade aumentada é outra das prioridades. Uma espécie de Pokemon Go, só que com marcação de alvos e inimigos ao invés dos simpáticos monstrinhos. 

*É diretor de marketing do Estadão

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