SXSW 2019: Startups brasileiras vão ao Texas em busca de investimentos e clientes

Contexto de inovação e mais aportes na América Latina respalda presença de empresas na edição de 2019 do festival, que se encerra neste domingo, 17

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Por Sara Abdo e em Austin (EUA)
Atualização:

*Atualizado às 18h52 de 17 de março, para clarificar informações sobre a In Loco

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Nas primeiras horas do SXSW 2019, evento de tecnologia, cultura e inovação realizado nesta semana em Austin, no Texas,um painel de nome sugestivo dava o tom do evento para startups brasileiras: “Cuidado, Vale do Silício: a ascensão da tecnologia na América Latina”. O momento é propício: um dia antes do evento começar, a japonesa SoftBank anunciou um fundo de US$ 5 bilhões para startups latinas – mais de quatro vezes o investimento de venture capital realizado na região ao longo de 2017. Foi nesse embalo que empresas brasileiras aterrissaram na cidade para expor produtos na feira, que já lançou startups de renome como Twitter e Foursquare. No Texas, as empresas brasileiras procuram capital e ampliar seu portfólio de clientes. 

Em busca de investimentos, a Joco usa conceitos de microlearning e design conversacional para produzir conteúdo de educação acadêmica, corporativo e tutoriais. Embora os clientes sejam de peso, como Estácio, Coca Cola e Hospital Albert Einstein, a startup quer reduzir de R$ 120 mil para R$ 70 mil o preço médio de seus serviços, que hoje demoram 40 dias para ficarem prontos. “Precisamos de investimento para automatizar o desenvolvimento do produto e conseguir atender empresas de médio porte”, diz Marcelo Gluz, cofundador da Joco. Se atrair cerca de U$ 700 mil em aportes, a startup planeja aumentar a equipe de tecnologia e aprimorar operações na Europa e nos Estados Unidos. 

Espaço da Apex-Brasil no evento em Austin expôs startups brasileiras para clientes de todo o mundo Foto: Apex-Brasil

Já a Mass Labs, startup de Florianópolis cuja tecnologia coleta e compila dados de passageiros e otimiza a gestão dos negócios de empresas de ônibus municipais e interurbanas, vê na captação de investimento uma oportunidade para oferecer testes gratuitos dos produtos e aumentar seu marketing. Com operações desde 2016 e prestadora de serviços para 45 empresas no Brasil, a startup esteve pela segunda vez no SXSW. No ano passado, foi selecionada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para apresentar sua solução no Trade Show, espaço para exibição de produtos internacionais desenvolvidos por startups, principalmente.Em 2019, o foco é atrair investimentos. “Conversei mais com investidores e empresários japoneses interessados em operar no Brasil”, contou o presidente executivo Marcos de Souza, que também se reuniu com a prefeitura de Austin. 

Pé cá e olho lá. Propósitos diferentes colocaram a Shawee, que desenvolve e automatiza hackatons (maratonas de desenvolvimento de software) para empresas, entre as expositoras do Trade Show Brasil. Criada em 2017, em São Paulo, a startup percebeu que o mercado no Brasil ainda não estava tão maduro. Por isso, decidiu abrir um escritório no Vale do Silício e abrir operações nos EUA. “Aqui em Austin, viemos conhecer melhor o ecossistema e buscar parceiros”, diz Rodrigo Terron, presidente executivo da startup, que tem hoje 17 funcionários. O executivo, porém, não deixa de prestar atenção no mercado brasileiro. “Seguimos em contato com os envolvidos no hackatons que fizemos para educar o País.” 

Expandir as operações para o exterior também foi a solução da SlicingDice, que desenvolve uma tecnologia de interpretação de dados para tomada de decisões. “Nossa receita precisa crescer no mesmo nível da nossa tecnologia. A meta é aumentar em 300% a base de clientes em 2019, e a maturidade do mercado brasileiro ainda não nos permite essa expansão”, conta Renan Sardinha, vice-presidente de desenvolvimento de negócios. Em Austin, a empresa fez bons contatos com potenciais clientes asiáticos. 

A hora é agora. Com atenção à privacidade de informações sensíveis desde a fundação, a In Loco, que vende publicidade em dispositivos móveis a partir de dados de geolocalização para empresas como O Boticário e Cacau Show, contou com o apoio da Apex no SXSW para mapear as tendências do mercado norte-americano, onde está prestes a abrir escritórios e iniciar operações. “O tema da privacidade foi amplamente discutido durante todo o festival, e serviu para validar a tese da empresa, de que é possível gerar valor de negócio através de dados sem precisar entrar em informações pessoais ou sensíveis, como a orientação sexual”, disse André Ferraz, fundador e presidente executivoda In Loco.

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A startup pernambucana também busca capital para concretizar sua internacionalização –dos três fundos que já demonstraram interesse na empresa, dois são norte-americanos.“De certa forma estamos voltando ao estágio inicial de startup, já que a expansão requer um tipo de recomeço”, avalia Ferraz. Nos próximos 18 meses, o objetivo é construir nos EUA uma equipe de 40 pessoas para operar vendas, marketing e produto. O time de tecnologia permanece no Brasil. 

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