‘Unicórnio’ britânico que usa IA para avaliar danos em carros chega ao Brasil

Dona de um sistema de inteligência artificial, Tractable inicia operação brasileira após receber um aporte de US$ 60 milhões

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Por Giovanna Wolf
Atualização:

A startup britânica Tractable, que usa inteligência artificial (IA) para ajudar seguradoras a agilizarem o processo de reparo de carros após acidentes, anuncia nesta quinta-feira, 17, um aporte de US$ 60 milhões – com o novo cheque, a empresa afirma que atingiu o status de unicórnio (avaliação de US$ 1 bilhão). Além de turbinar a tecnologia e investir em mais produtos, parte dos novos recursos será usada para abrir uma operação no Brasil. 

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A rodada, que foi liderada pela Insight Partners e pela Georgian, faz o total de investimento já recebido pela startup saltar de US$ 55 milhões para US$ 115 milhões. Fundada em 2014, a Tractable atua hoje em 13 países – ao todo, possui cerca de 20 seguradoras parceiras, entre elas nomes como Geico, Ageas e Sompo Japão.

Usando visão computacional, a startup acelera a avaliação de danos em acidentes de veículos. A IA reconhece sem auxílio humano quais partes do carro foram danificadas e calcula os custos do reparo – a startup afirma que processa milhões de sinistros por ano na parte de seguros de automóveis. 

“A partir da filmagem do carro, a IA consegue identificar quais partes do veículo estão danificadas e calcular o custo do reparo”, explica ao Estadão o brasileiro Bruno Ferreira, que é head mundial de vendas na Tractable. “Com essa tecnologia, em vez de esperar um mês pelo reparo do carro (e todo o processo do veículo ir para oficina para ser feito o orçamento) aceleramos o processo para uma semana”. 

Usando visão computacional, a Tractable acelera a avaliação de danos em acidentes de veículos Foto: Tractable

A ideia faz sentido: uma das aplicações mais poderosas de inteligência artificial atualmente é o reconhecimento de imagens. Os sistemas são expostos a milhares de imagens sobre o mesmo assunto até que passa a reconhecer automaticamente aquilo que é exibido. 

Segundo Ferreira, a IA da Tractable foi desenvolvida pela própria empresa. Para treinar o sistema, a startup fez inicialmente parcerias com provedores de soluções para seguradoras e também contou com a ajuda das seguradoras parceiras, que disponibilizaram imagens de carros danificados. Em um segundo momento, as próprias fotos processadas pela Tractable nos sinistros passaram a ser usadas para deixar a IA mais potente. 

Com o novo aporte, o plano é continuar a aperfeiçoar a tecnologia e ir além dos carros. Uma das áreas em que a startup aposta é a de casas: atualmente, a Tractable mantém um projeto no Japão para ajudar a recuperar propriedades mais rapidamente após furacões, por meio da avaliação de fotos por IA.

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Expansão

A Tractable também anunciou nesta quinta que está chegando ao Brasil. A empresa começará a operação no País ao lado de seus clientes globais que operam por aqui – mas conversas com seguradoras locais também já começaram, diz Ferreira. 

“É um mercado com alta quantidade de sinistros e o brasileiro gosta de novas tecnologias. Já começamos a fazer recrutamento em São Paulo e devemos começar a operar no segundo semestre”, afirma o head mundial de vendas na Tractable.

Primeiro, a empresa vai trabalhar no País na recuperação de acidentes de carro. Mas não deve parar por aí: “É possível também usar a tecnologia de identificação de danos em veículos na locação de carro e vallet, por exemplo. E, na parte de residências, há problemas de ventania no Sul do Brasil – se estragou a telha da sua casa, você pode tirar uma foto e nosso sistema identifica o custo do reparo”, diz Ferreira. 

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