Vittude recebe aporte de US$ 7 mi para ser o 'Gympass' da terapia online

Startup que conecta pacientes a psicólogos por meio de inteligência artificial quer se consolidar nos pacotes de benefícios corporativos

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Por Bruno Romani
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Ansiedade, estresse, depressão: é difícil ter passado pela pandemia com a saúde mental intacta. A procura por atendimento psicológico aumentou e colocou em outro patamar startups focadas em terapia online. Fundada em 2016, a Vittude é um desses nomes. Para dar conta da nova demanda, a empresa anuncia nesta terça, 15, um aporte de US$ 7 milhões (cerca de R$ 35 milhões) em rodada liderada pela Crescera Capital, com a participação de Redpoint eVentures e Scale Up Ventures, da Endeavor. 

O dinheiro não será usado apenas na evolução do produto e da tecnologia da empresa, como conta ao Estadão Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude. Os recursos serão usados também no amadurecimento do corpo executivo da companhia. “Nos últimos dois anos, saltamos de sete clientes corporativos para 165 e isso trouxe complexidade. O primeiro foco será aumentar a senioridade do time. Já trouxemos sete novos diretores. Foi a primeira vez que fizemos isso”, diz ela. Com isso, o quadro atual de 65 funcionários deve chegar a 150 num prazo de 18 meses.

Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude: olho no segmento corporativo Foto: Divulgação

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O foco em clientes corporativos na fala da executiva se justifica. A Vittude começou como um marketplace de psicólogos, que conectava pacientes a profissionais capazes de atender suas necessidades por meio de uma inteligência artificial - era uma espécie de “Tinder” do atendimento psicológico. Após o aporte de US$ 1,2 milhão recebido em novembro de 2019, a inspiração da startup mudou. 

Desde então, a Vittude é uma espécie de “Gympass do atendimento psicológico”. Ou seja, ela se posiciona como parte dos benefícios que clientes corporativos têm a oferecer. É um caminho natural: a maioria dos pacientes de planos de saúde no Brasil também são oriundos de contratos corporativos. Atualmente, dos 48,9 milhões de brasileiros com cobertura de planos de saúde, 33,8 milhões estão em planos empresariais, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar. 

“Antes da pandemia, tínhamos parcerias com outras startups, que nos conheciam do ecossistema de inovação. Com a crise sanitária, a demanda por nomes tradicionais aumentou bastante”, conta Tatiana. Por meio dos 165 clientes corporativos, que incluem Banco do Brasil, Telhanorte e Grupo Boticários, a Vittude está ao alcance de 600 mil funcionários. Com o aporte, a ideia é triplicar a receita nos próximos 18 meses.

Síndrome de burnout

Mas não foi só a covid-19 que despertou o interesse das grandes empresas. Desde o começo do ano, a Organização Mundial da Saúde considera a síndrome de burnout como uma doença do trabalho. Ou seja, a síndrome foi oficializada como estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso. E isso gera custos maiores para as empresas. “A mudança da regulamentação também turbinou a nossa demanda”, diz Tatiana.

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Para a executiva, a Vittude pode atuar de forma complementar aos planos de saúde, reduzindo também os custos. “As operadoras não conseguem atender à prevenção. O modelo deles é de ‘doença’. As pessoas só acessam quando estão doentes. Em saúde mental, isso resulta em tratamentos custosos e de longo prazo”. 

“Já sentíamos o impacto do absenteísmo e diminuição da produtividade em muitas empresas do portfólio, fossem empresas com regime presencial, misto ou remoto ”, diz em nota Rodrigo Comazzetto, sócio da Crescera, que mantém investimentos na Tembici e na Rock Content com o fundo Venture Fund 3.

Menos é mais 

Com o novo perfil, a plataforma também passou por mudanças importantes. Há dois anos, o serviço contava com 5 mil psicólogos cadastrados, o que nem sempre resultava no melhor quadro profissional possível. Gradualmente, a Vittude foi aumentando os requisitos necessários para atuação, o que resultou no quadro atual de 800 psicólogos. 

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O mesmo algoritmo de IA, chamado de Vittude Match, que é responsável por conectar paciente a psicólogos, é usado também na triagem dos profissionais que se cadastram na plataforma. A máquina considera fatores como qualidade da faculdade de graduação, tempo de formação e formações adicionais, como mestrado e doutorado. Assim, apenas 3% dos cadastrados são chamados para a entrevista, que ajuda a definir a entrada do profissional na plataforma. 

“Entendemo que determinados perfis de profissionais não estavam prontos para a Vittude”, diz Tatiana. Uma vez parte da plataforma, o psicólogo determina o valor de sua consulta, que varia de R$ 70 a R$ 350 - a Vittude fica com até 10% do valor. 

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