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Opinião|Você já pode ser CEO da sua saúde

Com reprodução de células em laboratório, diagnósticos a baixo custo e até mesmo investigação genética, startups estão mudando a cara dos serviços de saúde

Atualização:

O FDA, órgão americano equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, aprovou 59 novas terapias médicas em 2018. Esse é o maior número já registrado na história para um único ano. Também em 2018, as startups de biotecnologia captaram U$ 29 bilhões de investimentos globais. Outro recorde no setor. Tudo isso ocorre numa época na qual os avanços na medicina são sem precedentes. As novidades já atingem milhões de pessoas e alteram profundamente o trabalho dos profissionais da saúde.

Para entender melhor os impactos, veja esses exemplos. No Vale do Silício, visitei a Prellis Biologics, startup que desenvolve impressoras holográficas para fabricar órgãos humanos. Sua tecnologia resolve o maior obstáculo da reprodução de células funcionais em laboratório: a capacidade de imprimir sistemas vasculares que fornecem nutrientes e oxigênio para a sobrevivência dos tecidos. Há seis meses, lançaram um produto que permite cultivar neurônios e outras estruturas. Se avançar ao ponto de produzir órgãos completos, a fila de transplantes despencará. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mais de 2 mil pessoas morrem por ano no País por falta de doadores.

Anne Wojcicki, presidente executiva da startup 23andMe Foto: Peter DaSilva/NYT

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Já a mexicana Unima fornece diagnósticos rápidos e de baixo custo para doenças infecciosas. Ela permite que qualquer pessoa detecte patologias, como tuberculose, sem equipamentos médicos. Basta pegar uma gota de sangue, colocá-la em um pedaço de papel e fotografar esse papel com um app. Em 15 minutos, o resultado aparece. O pedaço de papel contém proteínas que, em contato com o sangue, geram diferentes reações visuais para cada doença. O sistema de inteligência artificial do app, ao analisar essas reações pela foto, dá o diagnóstico. A solução é usada em regiões pobres do mundo onde epidemias se espalham rapidamente. Bill Gates é um dos investidores.

Já a startup Cue produz e vende dispositivos para medir indicadores de saúde e detectar doenças em sua própria casa. Digamos que você está mal e acha que é resfriado. Ao coletar uma amostra de secreção nasal e colocá-la no aparelhinho da empresa, que cabe na palma da mão, o resultado aparece em minutos no seu celular. Se estiver gripado, a Cue usa videoconferência para conectar você a um médico. O profissional acessa o diagnóstico e prescreve a receita. Além de conveniente, a solução desafoga o sistema de saúde. Por ano, 140 milhões de visitas a consultórios e hospitais americanos são realizadas para identificar gripe.

Daria também para citar a 23andMe, que oferece teste de DNA pela saliva por US$ 99. Ou a brasileira Braincare, que usa sensores para monitorar a pressão intracraniana e detectar em segundos potenciais aneurismas. Ou ainda várias outras empresas. Indivíduos comuns, definitivamente, estão se tornando presidentes da própria saúde.É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

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Opinião por Maurício Benvenutti
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