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Sócio da Startse. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Você será substituído pelas máquinas?

As máquinas estão mais e mais inteligentes em várias áreas. Isso diminuirá a demanda por inúmeros profissionais

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Atualização:

A plataforma Kaggle promove competições globais entre programadores. Em 2012, ela lançou uma campanha aos seus membros. A tarefa era construir um sistema para avaliar redações de alunos do ensino médio. Os algoritmos vencedores foram capazes de dar as mesmas notas dos professores humanos. Em 2015, o desafio foi mais difícil: tirar fotos do nosso olho e diagnosticar uma doença ocular chamada retinopatia diabética, que afeta os vasos da retina. Novamente, os algoritmos vencedores deram o mesmo diagnóstico dos oftalmologistas.

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Ao prover os dados corretos, as máquinas irão superar os seres humanos em tarefas como essas, de forma cada vez mais veloz, precisa e acessível. Um professor pode ler 10 mil redações ao longo de uma carreira. Um oftalmologista pode analisar 50 mil olhos. Já um computador consegue ler infinitas redações e analisar milhões de olhos em poucos minutos. Não temos como competir em tarefas repetitivas que exigem grande quantidade de dados, análises e reconhecimento de padrões.

As máquinas, porém, têm dificuldade para enfrentar novas situações. Em geral, só conseguem agir de forma precisa quando acessam um grande volume de informações prévias. O ser humano, pelo contrário, não tem essa limitação. O talento de conectar temas distintos e solucionar problemas inéditos é característico da nossa espécie.

Em 1945, o físico Percy Spencer trabalhava com radares. Esses equipamentos utilizam micro-ondas para detectar a distância, velocidade e outras informações de objetos afastados. Certo dia, ele notou que o chocolate do seu bolso havia derretido. Spencer, então, conectou o seu conhecimento sobre radiação eletromagnética com a necessidade de cozinhar alimentos para inventar o forno de micro-ondas. Este, claro, é um exemplo notável e raro de criatividade. Mas, ao mesmo tempo, representa uma situação que acontece com você centenas de vezes por dia, de pequenas maneiras e em vários momentos. Constantemente, nos deparamos com fatos aparentemente desconexos, elementos supostamente distantes e ocorrências não relacionadas entre si. Enquanto conseguimos cruzar episódios inesperados, as máquinas sofrem para lidar com eventos jamais vistos. 

Assim, o que isso significa para você? Bem, o destino de qualquer atividade se encontra na resposta a duas perguntas: 1) Até que ponto o seu trabalho é redutível a tarefas repetitivas que exigem grande quantidade de dados, análises e reconhecimento de padrões? 2) O quanto ele envolve novas situações? As máquinas estão mais e mais inteligentes em várias áreas. Isso diminuirá a demanda por inúmeros profissionais. Não haverá espaço para quem deseja atuar no nível básico da sua indústria. Inevitavelmente, é preciso assumir novas competências para se destacar no mercado atual. *É sócio da plataforma para startup Startase.

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Opinião por Maurício Benvenutti
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