‘A regra não é clara. Ela é subjetiva’, diz Arnaldo Cezar Coelho

Mais conhecido comentarista de arbitragem diz que a tecnologia é incapaz de compreender as nuances das regras de futebol

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Por Bruno Romani
Atualização:
Arnaldo Cezar Coelho, ex-árbitro e comentarista Foto: PAULO GIANDALIA/ESTADAO

Arnaldo Cezar Coelho sabe como é romper barreiras. Foi o primeiro brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo e popularizou a profissão de comentarista de arbitragem de futebol. Porém, quando o assunto é uso de tecnologia no esporte, ele joga na defesa. Para Arnaldo, é impossível imaginar uma máquina substituindo humanos e mediando completamente uma contenda. O motivo: a máquina seria incapaz de entender as nuances das regras. “A regra não é clara. Ela é subjetiva”, diz.

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Crítico declarado do árbitro de vídeo (mais conhecido pela sigla VAR), Arnaldo defende que a tecnologia na arbitragem deveria ser usada em duas situações: apenas em lances nos quais há dúvida sobre a bola ter cruzado a linha do gol ou “naquelas jogadas em que até o sorveteiro na arquibancada viu acontecerem”. A seguir, os “melhores momentos” da entrevista. 

Qual é a sua opinião sobre o uso de tecnologia no futebol atualmente?

A tecnologia veio para tirar a dúvida se a bola entrou ou não entrou no gol. No entanto, resolveram aumentar suas atribuições, colocando impedimentos e faltas. A tecnologia não é perfeita porque há o fator humano. O software ainda não tem capacidade de entender quando abola é tocada. Quando ele parte para a interpretação, é um desastre completo, porque não há nada certo. Afinal, quem interpreta os lances? Apelidei o VAR de Chacrinha: ele confunde tudo. Imagino até que vão mudar a lei do impedimento por causa do VAR: não vai ser mais a ponta do pé que determina o impedimento, mas sim quando um corpo cobre o outro. 

Arbitragem de futebol sem humanos, só computadores. Pode isso, Arnaldo?

Não pode. O atacante não perde gols? O goleiro não toma frangos? Porque o árbitro humano não pode errar? A regra não é clara, ela é subjetiva. A máquina não vê as nuances. Como pode um jogo disputado por humanos ser apitado uma inteligência artificial? Eu não aprovo isso. O VAR só deveria ser usado para saber se a bola entrou ou em lances escandalosos, que até o sorveteiro na arquibancada viu, como o gol de mão do Maradona na Copa de 1986. 

Existe algum avanço tecnológico, na sua opinião, que tenha valido a pena no futebol? 

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O uso da tecnologia para determinar se a bola entrou ou não no gol. Em Inglaterra e Alemanha, na final da Copa do Mundo de 66, teve uma bola que até hoje ninguém sabe se entrou ou não – só a tecnologia seria capaz de dizer. 

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