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‘Libra é um projeto arriscado’, diz Zuckerberg ao Congresso dos EUA

Executivo deu depoimento de seis horas a comitê da Câmara dos Deputados sobre seu projeto de moeda digital; eleições e privacidade também foram assunto 

Por Agências
Atualização:
Presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg dá depoimento ao Congresso dos EUA Foto: EFE/Michael Reynolds

O presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou nesta quarta-feira que a libra, projeto de moeda digital que sua empresa pretende colocar no mercado em 2020, “é um projeto arriscado”. Em depoimento de seis horas a um comitê da Câmara dos Deputados dos EUA, o executivo reafirmou a legisladores céticos que a criptomoeda poderá reduzir o custo de pagamentos eletrônicos e trazer mais pessoas ao sistema financeiro global. 

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Com terno e gravata, Zuckerberg também respondeu perguntas agressivas sobre liberdade de expressão, interferência nas eleições, grupos de ódio e notícias falsas. Chefe do comitê, a deputada democrata Maxine Waters perguntou quais os passos do Facebook para combater a desinformação e o desincentivo ao voto nos EUA em 2020. Ela também sugeriu que autoridades regulatórias quebrem o Facebook ao mesmo. Em outras ocasiões, Waters chegou a dizer que o projeto da libra deve ser parado e já rascunhou uma legislação que poderia barrar empresas de tecnologia de entrar na área de serviços financeiros. 

“Seria benéfico para todos se o Facebook pudesse endereçar suas diversas falhas e problemas antes de seguir em frente com a libra”, disse Waters a Zuckerberg. Deputados republicanos e democratas também culparam o Facebook por redes de exploração online de crianças e falhas em privacidade de dados. Muitos deles disseram que não confiam que o Facebook, dados os últimos escândalos, possa ser capaz de fornecer serviços financeiros para 2,4 bilhões de pessoas. “O mote do Facebook já foi ‘mova-se rápido e quebre coisas”. Zuckerberg, não queremos quebrar o sistema monetário internacional”, disse a democrata Nydia Velazquez. 

Zuckerberg disse, durante o depoimento, que o Facebook via insistir em ter aprovação regulatória dos EUA antes de lançar a libra, que está sendo criada por um consórcio com sede na Suíça. Ele afirmou até que o Facebook consideraria retirar-se da Libra Association, o nome do consórcio, se as outras empresas participantes preferirem lançar a moeda sem esse aval. Nas últimas semanas, a iniciativa sofreu um baque: com críticas de diferentes reguladores pelo mundo, empresas como Mastercard, Visa, PayPal e eBay abandonaram o projeto. 

Deputada republicana, Ann Wagner pressionou Zuckerberg por conta da perda de apoios. “Acho preocupante que o senhor tenha perdido parceiros estáveis. Por que eles têm preocupações se o senhor está à altura dos padrões regulatórios e antilavagem de dinheiro?”. Em resposta, Zuckerberg, de 35 anos, disse que essas empresas largaram o projeto pois a libra era “algo arriscado” e que nem ele tinha certeza de que daria certo. Durante o depoimento, o preço do bitcoin, a mais famosa criptomoeda, caiu para seu menor valor em cinco meses. 

Alguns deputados republicanos, porém, ofereceram apoio a Zuckerberg, argumentando que o governo não deveria impedir o setor privado de inovar. “Tenho questões sobre o Facebook”, disse o deputado Patrick McHenry. “Mas a história nos ensinou que é sempre melhor estar do lado da inovação americana.” 

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