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Wish mira parceria com loja de bairro para acelerar entrega no Brasil

Rival da AliExpress, americana também está de olho em parcerias locais para atingir público desbancarizado

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Por Bruno Romani
Atualização:
Nicola Azevedo, diretor da Wish:"Queremos parcerias com lojas brasileiras" Foto: Helvio Romero /Estadão

Conhecido por produtos curiosos, o site de comércio eletrônico Wish planeja parcerias com lojistas brasileiros para reduzir o tempo de entrega e permitir pagamentos em dinheiro no Brasil, aumentando sua presença por aqui. Fundada em 2010, em San Francisco (EUA), a empresa foi um dos sites de comércio eletrônico mais populares entre os brasileiros no ano passado, segundo pesquisa realizada pela plataforma de pagamentos Ebanx. 

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“O Brasil já é o nosso quinto maior mercado e está apenas atrás dos EUA em termos de usuários ativos e tráfego diário”, disse ao Estado Nicola Azevedo, gerente geral para as Américas da Wish. Embora a maior parte de seus 700 funcionários fiquem na região do Vale do Silício, na Califórnia, a Wish é conhecida por vender produtos importados da China, como a rival AliExpress. Faz sentido: 85% dos produtos na plataforma são despachados da Ásia. O que significa que o consumidor brasileiro costumava encarar um longo tempo de espera – às vezes, de até 60 dias – para receber o que comprou. 

O primeiro passo para reduzir o tempo da entrega foi dado em novembro de 2019, quando a companhia lançou o programa Wish Post. Com ele, os vendedores chineses despacham seus produtos para centros de distribuição da empresa no país asiático. De lá, são consolidados e direcionados para processos alfandegários, com inteligência logística – antes, os produtos eram enviados diretamente aos clientes, gerando inconstância na qualidade do serviço. Com a manobra, o tempo médio de espera caiu para 25 dias. Mas, para crescer mais por aqui, a empresa sabe que ainda não é o suficiente. 

Para 2020, a empresa cogita abrir um centro de distribuição no Brasil. Além disso, o plano é estabelecer parcerias com lojas brasileiras – como lojas de bairro, quitandas e mercadinhos – que possam servir como microcentros de distribuição. A tática permitiria a redução do tempo de entrega para até 7 dias. Os locais também serviriam como ponto de retirada dos produtos comprados online. 

“O cliente comprará na web, receberá um código QR e apresentará na loja para retirada. A cada compra o lojista também terá uma porcentagem”, diz Azevedo. “Com isso poderemos permitir até pagamento em dinheiro”. A falta de cartão de crédito é um obstáculo para que sites de comércio eletrônico tenham mais clientes por aqui – algo que tem sido observado por diversas varejistas, que tem criado serviços de contas digitais e cartões para atender a esse público. Atualmente, o comércio eletrônico corresponde a 5% das venda do varejo no Brasil.

“Usaremos inteligência artificial para determinar onde devemos estabelecer essas parcerias e quais produtos enviar para o Brasil”, explica o executivo. Além de servir como espaço de distribuição, as lojas de bairro também poderiam vender alguns produtos mais populares – entre os itens mais vendidos pela Wish, estão acessórios para celular, roupas, bijuterias, itens de cozinha e objetos de decoração. Ao todo, o catálogo da empresa tem 2 bilhões de produtos. 

“A parceria para microcentros faz sentido para as três pontas: empresa, clientes e lojas. Os dois primeiros terão redução de tempo de entrega e de custo. Já as lojas conseguem aumentar o fluxo de pessoas, o que pode gerar vendas adicionais”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. “É especialmente importante para a inclusão de lugares fora dos grandes centros”, diz. O modelo não é inédito: nos EUA, a Amazon usa as lojas de conveniência 7-Eleven como centros de entrega. Aqui no Brasil, o Magazine Luiza tem feito algo parecido na região Norte

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Ponte com o exterior

Outro plano da Wish para breve é abrir a plataforma para vendedores brasileiros. Inicialmente, a americana incentivará o comércio dentro do País, mas planeja permitir que os vendedores nacionais façam negócios com outros países. 

“Estamos em contato com comércios brasileiros com presença importante na internet para que possam participar”, diz Azevedo. O executivo diz que a Wish também se encontra no mesmo estágio para o recrutamento de lojas físicas que poderão receber os produtos da companhia. “Em novembro, crescemos 40% em relação ao mesmo período de 2018. Acreditamos que podemos crescer independentemente da situação da economia brasileira”.

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