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Volume de aportes em startups cresce 80% no País e chega a US$ 2,7 bi em 2019

Segundo pesquisa realizada pela consultoria de inovação Distrito, foram realizadas 260 rodadas de investimentos em empresas de tecnologia do País no ano passado; setor de fintech lidera em quantia e quantidade de cheques

Por Bruno Capelas
Atualização:

O ecossistema brasileiro de startups registrou recorde no volume de investimentos recebidos em 2019: segundo levantamento da consultoria de inovação Distrito, as empresas de tecnologia do País receberam US$ 2,7 bilhões em aportes no ano passado. É um crescimento de 80% na comparação com 2018, quando houve cheques que totalizaram US$ 1,5 bilhão. 

Ao todo, 260 rodadas de investimento foram realizadas na temporada passada, de acordo com números que fazem parte de estudo revelado com exclusividade ao Estado. O número de aportes cresceu 8,3% na comparação com a temporada de 2018, mas não bateu recordes – em 2017, aconteceram 263 investimentos no País, totalizando US$ 905 milhões. “Há uma evolução maior do mercado nacional e também uma maior liquidez no mercado global. Isso tudo beneficia os investimentos”, avalia Gustavo Gierun, cofundador da Distrito. 

SoftBank, liderado na região pelo boliviano-americano Marcelo Claure, participou de rodadas que somaram cerca de US$ 1,3 bilhão em 2019 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Responsável por ao menos dez cheques em startups brasileiras no ano passado, incluindo os unicórnios GympassQuintoAndar Loggi,, o grupo japonês SoftBank surge como fiel da balança desse crescimento. Segundo análise da reportagem, as rodadas que contaram com a participação da empresa movimentaram cerca de US$ 1,3 bilhão, respondendo por quase metade do volume de aportes registrado em 2019. 

O cenário deve ser diferente neste ano, depois dos problemas apresentados por WeWork e Uber, duas das principais apostas do SoftBank no exterior – a asiática já admitiu que fará menos investimentos no País em 2020. Na visão de Gierun, isso não necessariamente será um problema: “o mercado tem se sofisticado nos últimos anos e atraído cada vez mais investidores estrangeiros”, avalia. 

Fintechs lideram em quantidade e volume de aportes

Segundo o levantamento realizado pela Distrito, as fintechs (startups de serviços financeiros) foram o setor que mais recebeu atenção dos investidores no Brasil. Foram ao todo 62 investimentos, que somaram US$ 935 milhões – entre eles, estão os US$ 400 milhões da rodada que levou o Nubank a ser avaliado em cerca de US$ 10 bilhões

O crescimento do segmento também chama a atenção: em 2018, as fintechs brasileiras receberam US$ 338 milhões. O salto foi de 276%. “É um setor que está sofrendo uma revolução intensa, que deve aumentar nos próximos anos”, afirma Gierun. “Novas regulações, como open banking, pagamentos instantâneos e cadastro positivo, também abrem espaço para que startups disputem de igual para igual com os grandes incumbentes. Há muitas oportunidades.” 

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Em segundo lugar no que diz respeito a setores, ficou a área de HR Tech (startups de recursos humanos), com total de US$ 344 milhões – desses, US$ 300 milhões foram destinados à Gympass, empresa que oferece um serviço corporativo de atividade física. Completando o pódio em volume de investimentos, está o setor de startups de imóveis, que receberam US$ 335 milhões em aportes. Novamente, o valor foi desbalanceado pelos aportes em duas gigantes do setor: Quinto Andar (US$ 250 milhões, em rodada liderada pelo SoftBank) e Loft (US$ 70 milhões, em aporte liderado pelo fundo do Vale do Silício Andreessen Horowitz). 

A maioria dos investimentos realizados no País, porém, está longe da casa das dezenas ou centenas de milhões – apenas 11 investimentos aconteceram após a Série C, jargão do setor que identifica aportes realizados costumeiramente em empresas já maduras. 

Segundo o levantamento da Distrito, 87 aportes foram realizados em capital-semente, quando a startup ainda está em estágio inicial de desenvolvimento. Normalmente, são cheques avaliados entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões. Outros 40 investimentos foram realizados na fase de Série A, quando a empresa já começou a amadurecer seu produto. Além disso, 38 investimentos foram realizados em fase pré-semente, quando a empresa ainda está em estágio embrionário. 

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