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Opinião|A Apple bate o Google no seu jogo

Smartphones são, na verdade, câmeras: é o grande fator decisivo na hora da compra

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iPhone 11 Pro Max é a versão mais cara dos três modelos e será vendida no Brasil por preços entre R$ 7,6 mil e R$ 9,6 mil Foto: Washington Post/James Pace-Cornsilk

O leitor provavelmente já o percebeu. Mas smartphones são, na verdade, câmeras. É o grande fator decisivo na hora da compra. Um bom celular e um de ponta não têm diferença na hora de encontrar um canto pelo Waze, de enviar um WhatsApp, ou consultar a Wikipédia via browser. Ninguém compra um aparelho por uma tela muito melhor. É a câmera que faz a diferença. Nas últimas semanas, venho experimentando o iPhone 11 Pro. Ele representa um salto importante da Apple em inteligência artificial nas câmeras.

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Faz parte do trabalho de quem escreve sobre tecnologia experimentar aparelhos diferentes recorrentemente. E há pelo menos outras três câmeras excepcionais no mercado. A do popular Samsung Galaxy S10, a do Huawei P30 Pro, e a do Google Pixel 4. O último, infelizmente, só é possível adquirir no Brasil pelo mercado cinza. Os outros estão nas lojas e recebem um abate pelos pontos de qualquer operadora. Ninguém sai infeliz com qualquer um dos quatro. Tudo isto posto, na maioria dos anos os celulares são evoluções em relação ao modelo do ano anterior. Vez por outra há saltos. No caso dos novos iPhones, é o que ocorreu.

As empresas do Vale do Silício não são equivalentes — elas têm qualidades distintas. São estas qualidades que marcam as diferenças entre o mundo dos iPhones e o dos Androids, sistema desenvolvido pelo Google.

Se há algo que o Google faz particularmente bem é armazenar e processar quantidades maciças de dados. Está em sua origem, que é busca. Big Data, estes dados em grandes quantidades, depende de aprendizado de máquina — o que chamamos de inteligência artificial. É o investimento em anos de refinamento do sistema de busca por imagens que promoveu a capacidade primeiro de reconhecimento do que está nas fotos e, depois, o software de câmera por trás do Pixel. No ano passado, a maior parte dos sites especializados escolheu o Pixel 3 como a melhor câmera do ano. Com uma única lente, o aparelho produzia melhores resultados do que qualquer outro. Era a aplicação de inteligência artificial na imagem captada pela câmera que fazia toda a diferença.

As forças da Apple estão noutros cantos que, ao final, podem ser resumidos em capricho. A integração entre software e hardware faz máquinas que raramente dão problemas e são sempre muito fáceis de usar. Os cuidados na curadoria da App Store, na seleção de aplicativos que entram ou não, faz com que os apps para iPhone sejam sempre melhor acabados do que os encontrados na Play Store do Android. É das coisas que salta aos olhos rápido para quem usa as duas plataformas.

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Boa parte dos resenhistas estão elegendo este ano o iPhone 11 Pro em detrimento do Pixel 4 para fotografias. À primeira vista, o motivo seria óbvio. O aparelho tem três câmeras, uma delas a super grande-angular que permite capturar um cenário vasto. Só que não é apenas isto. No ano passado, os três Androids de ponta tiravam melhores fotografias noturnas do que o iPhone. Este novo pareou. Ou seja, a Apple chegou ao mesmo nível de processamento por inteligência artificial.

Daí foi além numa tecnologia que a companhia batizou Deep Fusion. É o aparelho com melhores resultados no lusco-fusco, na penumbra, quando não é noite, mas a luz é baixa.

A Apple ter batido o Google em sua especialidade por certo vai tornar a competição para os modelos do ano que vem mais interessante. Pois, cada vez mais, o conceito de fotografia muda. Não é mais o resultado do que a lente vê. Quando clicamos para bater uma foto, inúmeras imagens são capturadas sucessivamente em condições distintas, o conjunto é interpretado por uma inteligência digital que num piscar de olhos nos entrega algo que chamamos foto. Fotos que passamos os dias tirando. 

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